Destacada figura da oposição, Wagenknecht abandonou em outubro passado o partido de extrema-esquerda A Esquerda ("Die Linque", no original em alemão), do qual era um dos principais elementos, com o propósito de lançar um novo partido, hoje formalizado, e ao qual dá o próprio nome: Aliança Sahra Wagenknecht, que será conhecido pela sigla BSW ("Bündnis Sahra Wagenknecht") - Razão e Justiça.
O BSW-Razão e Justiça, para o qual rumaram, além de Wagenknecht, vários dissidentes de topo de A Esquerda -- herdeiro do Partido Comunista da antiga República Democrática Alemã (RDA) -, mas que também atraiu antigos dirigentes dos socialistas do SPD e figuras até agora sem filiação partidária, apresenta-se como um partido anti-sistema, que conjuga uma política económica de esquerda com uma linha mais nacionalista e restritiva em relação à política migratória.
O BSW defende nomeadamente uma redução do número de migrantes que se instalam na Alemanha, o que, de acordo com muitos observadores, poderá atrair eleitores que até aqui têm votado na extrema-direita.
Tal como o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que surge atualmente em segundo lugar nas intenções de voto a nível nacional, Sahra Wagenknecht tem na antiga Alemanha de Leste, de onde é oriunda, o seu principal 'bastião' de eleitores, e muitos analistas concordam que o objetivo deste novo partido de esquerda radical com um discurso populista é 'roubar' ao AfD o eleitorado descontente, e que na antiga RDA se sente marginalizado.
Wagenknecht anunciou hoje que a sua força política fará a sua estreia eleitoral já em junho próximo, nas eleições para o Parlamento Europeu (06 a 09 de junho), sendo também intenção do novo partido concorrer a três importantes eleições regionais em setembro próximo, todas na antiga RDA - Turíngia, Brandeburgo e Saxónia -, nas quais enfrentará o favoritismo atual do AfD.
Os partidos mais radicais no espetro político alemão beneficiam atualmente do grande descontentamento de boa parte do eleitorado com os partidos tradicionais do centro e, designadamente, a atual coligação de centro-esquerda no poder, liderada por Olaf Scholz (SPD), cuja popularidade está cada vez mais em baixo.
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