Etiópia reconhece Somalilândia como país para aceder ao Mar Vermelho

A Etiópia, país sem litoral, reconhecerá internacionalmente como um país a Somalilândia, região secessionista que se proclamou independente da Somália em 1991, em troca do acesso ao Mar Vermelho durante 50 anos, disse hoje o Presidente da Somalilândia.

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© Reuters/Tiksa Neger

Lusa
02/01/2024 11:19 ‧ 02/01/2024 por Lusa

Mundo

Mar Vermelho

 

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"Em troca de um acesso marítimo de 20 quilómetros para as forças navais etíopes por um período de 50 anos, a Etiópia reconhecerá formalmente a República da Somalilândia", disse Muse Bihi Abdi.

Num comunicado, Abdi afirmou ainda que o acordo com a Etiópia constitui "um marco diplomático importante" para a Somalilândia e sublinha "o espírito de cooperação e a parceria estratégica estabelecida".

O Governo da Somália já reagiu, chamando hoje o embaixador na Etiópia para consultas após o acordo entre o Governo etíope e as autoridades da Somalilândia, situado no norte do território somali.

O primeiro-ministro da Somália, Hamza Abdi Barre, disse que o seu Governo rejeita o "acordo ilegal" anunciado na segunda-feira e sublinhou que se trata de uma violação da integridade territorial do país.

O governante sublinhou que "ninguém pode entrincheirar-se em terra e no mar da Somália", ao mesmo tempo que referiu que as autoridades estão "totalmente empenhadas" em defender a soberania, citou a emissora pública somali SNTV.

A Somália garantiu que defenderá o território por "todos os meios legais" e descreveu o acordo de uma "violação flagrante" da soberania.

As autoridades da Etiópia e da Somalilândia assinaram um memorando de entendimento na segunda-feira para dar à Etiópia, o segundo país mais populoso de África, com cerca de 120 milhões de habitantes, acesso ao Mar Vermelho.

A Etiópia tinha acesso ao Mar Vermelho quando formou uma federação com a Eritreia, uma antiga colónia italiana, na década de 1950 e anexou este país em 1962.

No entanto, perdeu o acesso ao mar em 1993, quando a Eritreia se tornou independente após uma guerra de três décadas entre os dois países.

Atualmente, a Etiópia depende do porto de Djibuti para as exportações e importações.

A Somalilândia, um protetorado britânico até 1960, não é reconhecida internacionalmente, embora tenha a sua própria Constituição, moeda e Governo e, até agora, registe um desenvolvimento económico e estabilidade política superiores aos da Somália.

A região declarou em 1991 a separação da Somália, antiga colónia italiana, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado.

Em 28 de dezembro, os presidentes da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, e da Somalilândia chegaram a acordo, no vizinho Djibuti, sobre a realização de conversações para "encontrar um terreno comum", após várias tentativas de diálogo infrutíferas.

A Somalilândia está agora numa crise política, depois de Abdi ter decidido prolongar o mandato - que deveria ter terminado em novembro -, por um período de dois anos e cancelado a realização de eleições regionais, previstas para novembro de 2024.

Leia Também: Delegação do Hamas no Egito esta 6.ª feira para discutir cessar-fogo

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