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Prigozhin terá sido morto por aliado de Putin. Kremlin já reagiu

Uma investigação do Wall Street Journal revela que a morte do líder do Grupo Wagner foi 'encomendada' por Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia e um conhecido aliado de Vladimir Putin. O presidente russo "viu os planos e não se opôs".

Prigozhin terá sido morto por aliado de Putin. Kremlin já reagiu
Notícias ao Minuto

18:25 - 22/12/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

O líder do grupo de mercenários Wagner, Yevgeny Prigozhin, terá sido assassinado numa operação orquestrada por Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia e um conhecido aliado de Vladimir Putin. A informação foi avançada, esta sexta-feira, pelo jornal norte-americano Wall Street Journal e o Kremlin já reagiu às acusações.

Prigozhin, recorde-se, morreu na sequência de um acidente de aviação, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, na Rússia. A morte aconteceu em agosto, dois meses após o empresário ter levado a cabo uma rebelião falhada contra o Kremlin, especificamente o Ministério da Defesa. Após a investida, que durou cerca de 24 horas e terminou com um acordo, Prigozhin passou a residir na Bielorrússia.

Segundo a investigação, intitulada 'Como o braço direito de Putin eliminou Prigozhin', que contou com testemunhos de elementos das 'secretas' e agentes no ativo e retirados nos Estados Unidos, na Europa e na Rússia, a queda foi provocada por uma bomba colocada numa das asas do avião.

No dia em que o Embraer Legacy 600 que transportava o "senhor da guerra" se preparava para a descolagem em Moscovo "ninguém reparou "no pequeno dispositivo explosivo sob a asa", relata o jornal com base nas suas fontes.

Uma fonte europeia ligada a serviços de informações com contactos no Kremlin contou que, quando viu a notícia do desastre aéreo, perguntou o que tinha acontecido: "Ele [Prigozhin] tinha de ser removido", responderam.

Questionado sobre as acusações, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que já tinha lido a notícia, mas afirmou apenas que "ultimamente, infelizmente, o Wall Street Journal tem gostado muito de produzir ficção".

Na investigação, Patrushev é descrito como uma pessoa que vê nos Estados Unidos um inimigo da Rússia que quer roubar os seus recursos naturais e alguém que desenvolve facilmente teorias da conspiração relatadas em entrevistas que concedeu.

"Ele [Patrushev] subiu ao topo por interpretar as políticas de Putin e executar as suas ordens. Ao longo do reinado de Putin, expandiu os serviços de segurança da Rússia e aterrorizou os seus inimigos com assassínios em casa e no exterior", descreve o jornal, acrescentando que, mais recentemente, a sua influência cresceu, apoiando a invasão da Rússia, e o seu filho Dmitry, um ex-banqueiro, foi nomeado ministro da Agricultura e é elogiado por alguns como um potencial sucessor do Presidente russo.

Desde 2008, é secretário do Conselho Nacional de Segurança, o que lhe dá pouco poder formal, mas na prática, pela sua proximidade ao longo de mais de duas décadas com Putin, "é o segundo homem mais poderoso da Rússia".

Patrushev, de acordo com o WSJ, tinha alertado Putin há muito tempo que a dependência de Moscovo do Grupo Wagner na Ucrânia "estava a dar a Prigozhin muita influência política e militar que era cada vez mais uma ameaça ao Kremlin".

Após o motim falhado de junho, prossegue, "Patrushev interveio para afastar o maior desafio até agora ao governo de Putin durante mais de duas décadas e também viu uma oportunidade de eliminar Prigozhin para sempre".

O Kremlin "estava cauteloso" apesar de pouco ter feito publicamente para limitar a vida de Prigozhin, que viajou para África para verificar as suas operações e foi autorizado a continuar a trabalhar em São Petersburgo, disse ao WSJ Maksim Shugaley, que trabalhou para o líder mercenário num 'think tank'.

O plano de Putin seria deixar Prigozhin numa aparente liberdade, enquanto procurava mais informações sobre os seus colaboradores no motim e do Grupo Wagner, cujos combatentes tinham sido convidados a partir para a Bielorrússia ou a aderir ao exército regular de Moscovo.

"No início de agosto, enquanto a maior parte de Moscovo saía de férias, Patrushev, no seu escritório no centro da cidade, deu ordens ao seu assistente para prosseguir na elaboração de uma operação para eliminar Prigozhin", disse um ex-oficial da "secreta" russa citado pelo WSJ. "Mais tarde, Putin viu os planos e não se opôs", de acordo com agências de informação ocidentais.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 após a desagregação da antiga União Soviética e que tem vindo desde então a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

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