Para responder a esta crise e "atender às necessidades humanitárias das crianças e comunidades afetadas pelas alterações climáticas", o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apelou a contribuições dos doadores na ordem dos 1,28 mil milhões de euros de acordo com um comunicado divulgado hoje.
"Esta resposta inclui a prevenção e o tratamento da desnutrição aguda através de cuidados contínuos para mães e crianças; a prevenção, deteção precoce e tratamento de doenças em instalações de saúde" ou "a prestação de serviços de educação e proteção de qualidade", entre outros, observou a organização.
De acordo com a Unicef, "em toda a região, o aumento das temperaturas, os fenómenos meteorológicos extremos e a alteração dos padrões climáticos conduziram a um aumento das deslocações das comunidades vulneráveis".
"Estas deslocações maciças perturbaram a educação das crianças e expuseram-nas a um risco acrescido de exploração, como o casamento infantil, o trabalho infantil e o recrutamento por grupos armados", afirmou a Unicef.
As secas e as inundações - influenciadas pelas fortes chuvas resultantes do fenómeno meteorológico El Niño - também expõem cada vez mais as crianças à subnutrição, às doenças respiratórias e às doenças transmitidas pela água, como a cólera.
Por exemplo, as secas prolongadas e a precipitação acima da média em partes do Quénia e da Somália colocaram mais de 6,4 milhões de crianças em risco de subnutrição e doença, de acordo com a Unicef.
A falta de água representa também um risco particular para as raparigas, uma vez que, "quando são obrigadas a percorrer longas distâncias para ir buscar água, o risco de exploração e violência aumenta".
A organização sublinhou que as alterações climáticas também afetaram a segurança alimentar, causando "menores colheitas na região".
Neste sentido, entre janeiro e setembro de 2023, mais 24% de crianças foram tratadas por desnutrição aguda grave do que no mesmo período de 2022, segundo a Unicef.
"O impacto das alterações climáticas nas crianças é um forte lembrete de que é necessária uma ação urgente para abordar a raiz do problema e facilitar soluções sustentáveis que ajudem as crianças", disse a diretora-geral da agência para a África Oriental e Austral, Etleva Kadilli, citada no comunicado.
"O futuro das crianças na África Oriental e Austral depende da nossa ação imediata e decisiva hoje", acrescentou.
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