Uma estátua comprada por Adolf Hitler a uma família italiana por cinco milhões de liras, o que corresponde cerca de 160 mil euros, está a ser alvo de discussão entre a Alemanha e Itália.
Conta o Corriere della Sera que durante a sua visita a Roma, em 1938, o ditador alemão ficou tão impressionado com o 'Lancellotti Discobolus', uma réplica romana do 'Discobolus de Myron' (que pertencia ao acervo privado da família Lancellotti), que o quis comprar.
Lancellotti, que cumpria ordens do ditador alemão Benito Mussolini, acabou por ceder e vendeu-lhe a escultura esculpida em bronze, datada de 450 a.C., descoberta em Roma em 1781.
A obra, que representa um atleta no exato momento em que vai lançar um disco, foi transportada para a Alemanha onde ganhou destaque como "símbolo ariano".
Em 1948, um acordo entre os dois países fez com que o 'Lancellotti Discobolus' fosse devolvido a Itália. Contudo, a base de mármore onde assentava a estátua, datada do século XVIII, continuou na Gliptoteca de Munique.
Recentemente, o diretor do Museu Nacional de Roma, Stéphan Verger, pediu a Munique para devolver também a base, o que caiu mal entre o diretor do museu da Baviera.
Perante tal pedido, o diretor da Gliptoteca, Florian S. Knaub, exigiu a devolução da escultura à Alemanha, uma vez que considera que a sua "repatriação para Itália violou a lei".
O caso está a gerar tanta polémica que já tomou proporções políticas, com o ministro da Cultura italiano, Gennaro Sangiuliano, a garantir que 'Lancellotti Discobolus' não vai sair de Itália.
"Só por cima do meu cadáver", afirmou, segundo o jornal italiano, acrescentando que a obra "é património da nação e propriedade do estado italiano".
Entretanto, o governante italiano reuniu-se com o embaixador alemão que garantiu que "a Alemanha não está a reivindicar o 'Lancellotti Discobolus'" e que esta "foi apenas uma ideia do diretor da Gliptoteca".
Após o encontro, o ministro da Cultura italiano lembrou que ambos os países têm "colaborações culturais" e "boas relações" e tem esperança que a base de mármore seja também agora devolvida a Itália.
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