"Acabo de terminar uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto. Falámos durante uma hora. Foi uma conversa muito longa e franca", afirmou Dmytro Kuleba na rede social Instagram, três dias antes do início da crucial reunião do Conselho Europeu, que decorrerá quinta e sexta-feira, em Bruxelas.
"O tema principal foi a decisão do Conselho Europeu sobre a abertura das negociações de adesão da Ucrânia à UE. Eu disse claramente ao Peter: temos um futuro comum na Europa. Temos de lá chegar o mais rapidamente possível. Juntos", sublinhou o ministro ucraniano.
Desconhece-se se a reunião conduziu a uma aproximação de posições entre os dois vizinhos.
"Compreendo que todos estão à espera de uma resposta: sim ou não? Por favor, deem-me algum tempo", disse Kuleba, segundo o qual os dois ministros iriam agora comunicar o conteúdo das suas conversações aos respetivos chefes de Estado.
Por seu lado, Szijjarto disse no Facebook que tinha "explicado" a Kuleba que, para Budapeste, a proposta de iniciar conversações com a Ucrânia, um país que está em guerra com a Rússia há quase dois anos, "não tinha sido bem preparada".
"Esta decisão é de importância histórica para o futuro da União Europeia no seu conjunto", mas "a Comissão Europeia não faz a mínima ideia do impacto que a adesão da Ucrânia à UE teria em toda a comunidade", defendeu.
A Hungria mantém-se obstinada na sua recusa, apesar da forte pressão dos seus parceiros.
Também hoje, igualmente em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, sublinhou que, até quinta-feira, o "plano A" é "convencer a Hungria" a acolher a Ucrânia no bloco europeu.
Mantendo um tom otimista, Gomes Cravinho recordou que, "em outros momentos, a UE soube contornar situações em que um país exercia um veto", destacando a possibilidade de serem pensados "mecanismos alternativos".
"Mas o plano A é convencer a Hungria. Se não for possível, não podemos continuar bloqueados", acrescentou, sem adiantar pormenores.
Segundo Gomes Cravinho, a questão do apoio da UE à Ucrânia "vai ocupar muito tempo" da reunião do Conselho Europeu, vaticínio feito em declarações aos jornalistas à margem da reunião dos titulares da pasta do bloco europeu, hoje realizada na capital belga e na qual a questão foi debatida.
Em relação ao pacote financeiro de 50 mil milhões de euros para ajudar a Ucrânia, no âmbito da guerra lançada pela Rússia em fevereiro de 2022, o ministro salientou acreditar que a questão "vai ocupar muito do tempo dos chefes de Estado e de Governo" dos 27 do bloco europeu devido ao veto da Hungria à verba.
A par da verba de apoio à recuperação da Ucrânia, a questão da adesão de Kiev ao bloco europeu é outra matéria em destaque.
Kuleba alertou hoje, em Bruxelas, para o que considerou serem "consequências devastadoras" se a UE não chegar a um consenso sobre a abertura de negociações de adesão do país.
A Ucrânia obteve o estatuto de país candidato em meados de 2022, quando se encontrava já em guerra com a Rússia, que iniciou a invasão do seu território a 24 de fevereiro desse ano.
A cimeira da UE está agendada para quinta e sexta-feira, em Bruxelas, estando Portugal representado pelo primeiro-ministro em exercício, António Costa.
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