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Guterres alerta para ligações entre "crime organizado" e terrorismo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou hoje para as ligações entre o crime organizado e o terrorismo, admitindo que "são particular motivo de preocupação", e defendeu uma resposta global para o problema.

Guterres alerta para ligações entre "crime organizado" e terrorismo
Notícias ao Minuto

15:16 - 07/12/23 por Lusa

Mundo António Guterres

Num debate de nível ministerial do Conselho de Segurança da ONU para abordar as crescentes ameaças representadas pelo crime organizado transnacional, Guterres advogou que grupos criminosos e terroristas procuram benefícios mútuos através de alianças oportunistas, com o intuito de lucrarem com diversas formas de tráfico ou de financiarem as suas atividades.

Um dos casos apontados por Guterres foi o Sahel, onde o comércio ilícito de combustíveis, drogas, armas e recursos naturais está a fornecer recursos operacionais a grupos armados em toda a região, ameaçando as vidas e a subsistência de milhões de pessoas.

"Muitas vezes invisível, mas sempre insidioso, o crime organizado transnacional é uma ameaça cruel à paz, à segurança e ao desenvolvimento sustentável onde quer que opere. E opera em todo o lado -- em todos os países, ricos e pobres, do Norte e do Sul, desenvolvidos e em desenvolvimento", afirmou.

O líder das Nações Unidas classificou ainda o ciberespaço como "um El Dorado virtual" para os criminosos e salientou que, apesar de o crime organizado transnacional assumir muitas formas, as ramificações são as mesmas: "governação enfraquecida, corrupção e ilegalidade, violência aberta, morte e destruição".

O ex-primeiro-ministro português frisou que os fluxos financeiros ilícitos não são números abstratos, representando "milhares de milhões de oportunidades de desenvolvimento e de meios de subsistência perdidos", além do agravamento da pobreza.

"Só no continente africano, perde-se mais dinheiro devido à evasão fiscal, ao branqueamento de capitais e aos fluxos financeiros ilícitos do que o que entra através da ajuda oficial ao desenvolvimento", observou.

Entre os tipos de crime organizado transnacional, Guterres indicou também o tráfico de seres humanos, de recursos naturais, e de drogas -- o negócio mais lucrativo para grupos do crime organizado transnacional --, ou o crescente comércio ilícito de armas de fogo.

"Todas estas atividades estão cada vez mais interligadas e patrocinadas por verdadeiras corporações multinacionais do crime global", alertou perante o Conselho de Segurança.

Na reunião convocada pelo Equador, e presidida pelo chefe de Estado equatoriano, Daniel Noboa, Guterres afirmou também que o crime transnacional e os conflitos alimentam-se mutuamente.

"O crime é um catalisador de conflitos. E quando o conflito aumenta, o crime prospera. Mina a autoridade e a eficácia das instituições do Estado, corrói o Estado de direito e desestabiliza as estruturas de aplicação da lei", declarou, dando como exemplos o Afeganistão e a Colômbia, o Haiti e Mianmar, a Líbia e a Somália.

Guterres alertou ainda que "muitos países correm um grave risco de cair num Estado de ilegalidade", desde "tomadas de poder inconstitucionais ao atropelamento dos direitos humanos", reforçando que próprios Governos estão a contribuir para a desordem e para a falta de responsabilização.

Apesar de o Conselho de Segurança da ONU há muito reconhecer o perigo que o crime organizado transnacional representa para a paz e a segurança internacionais, António Guterres frisou que mais precisa de ser feito, defendendo um melhor equilíbrio entre respostas preventivas e de segurança.

O ex-primeiro-ministro português enumerou então três ações prioritárias: reforço da cooperação multilateral; reforço do Estado de direito; e reforço da prevenção e promoção da inclusão.

Porém, sublinhou que o combate ao crime nunca deve ser utilizado como desculpa para atropelar os direitos humanos.

"Devemos permanecer atentos à natureza de constante mudança do crime organizado e repensar continuamente as nossas abordagens (...). Os nossos esforços devem ser coerentes, coordenados, com contexto específico e centrados na prevenção", disse.

"Mas, para ter sucesso, temos de agir em conjunto e permanecer unidos. Juntos, comprometamo-nos a criar um mundo mais pacífico e estável, onde o crime organizado não tenha lugar", apelou.

O Equador convocou este debate para analisar as interseções do crime organizado transnacional, e as suas ameaças à paz e segurança internacionais. 

Além disso, o debate visa também proporcionar uma plataforma para discutir iniciativas regionais e internacionais e respostas políticas para enfrentar esta ameaça. 

Leia Também: Venezuela acusa Guterres de parcialidade no conflito com a Guiana

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