"Apelo à diretora-executiva da ONU Mulheres, que não conseguiu cumprir a sua missão neste momento crítico, a demitir-se (...). A conduta da ONU Mulheres, do secretário-geral da ONU e de outras agências da ONU desde o massacre de 07 de outubro é vergonhoso", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, na rede social X (antigo Twitter).
Esta declaração surge um dia depois de a ONU Mulheres ter emitido uma declaração "repudiando inequivocamente os ataques brutais do Hamas contra Israel".
"Estamos alarmados com os numerosos relatos de atrocidades baseadas no género e violência sexual durante estes ataques. É por isso que apelamos a que todos os casos de violência baseada no género sejam devidamente investigados e processados", acrescentou.
O ministro israelita considerou que esta declaração é "fraca e tardia, depois de quase dois meses de silêncio durante os quais foram ignorados os crimes de guerra, os crimes contra a humanidade e os crimes de género cometidos pela organização terrorista Hamas".
"A proposta de entregar a investigação à Comissão de Inquérito da ONU junta insulto à ferida, uma vez que [a instituição] é composta por um grupo de notórios antissemitas", sublinhou Cohen.
A ONU Mulheres lamentou na sexta-feira o rompimento da trégua entre Israel e o Hamas e o reinício da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, enclave palestiniano controlado pelo grupo islamita desde 2007, reiterando que "todas as mulheres, israelitas e palestinianas, como todas as outras pessoas, têm direito a uma vida segura e livre de violência."
A instituição também apelou à paz e à libertação de todos os reféns sequestrados pelo Hamas.
Em 22 de novembro, Israel acusou o Conselho de Segurança da ONU, a UNICEF e a ONU Mulheres de se aliarem sistematicamente ao Hamas e de ignorarem o sofrimento ou os dados das vítimas que lhes foram fornecidos pelo Governo israelita.
A guerra em curso começou em 07 de outubro, após um ataque do braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, que incluiu o lançamento de milhares de 'rockets' para Israel e a infiltração de cerca de 3.000 combatentes que mataram mais de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestraram outras 240 em aldeias israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Em retaliação, as Forças de Defesa de Israel dirigiram uma implacável ofensiva por ar, terra e mar àquele enclave palestiniano, fazendo mais de 15.000 mortos, deixando cerca de 6.000 pessoas sepultadas sob os escombros e 1,7 milhões de deslocados, que enfrentam uma grave crise humanitária, perante o colapso de hospitais e a ausência de abrigo, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
As partes cessaram as hostilidades durante uma semana no âmbito de uma trégua mediada por Qatar, Egito e Estados Unidos, mas os confrontos regressaram na sexta-feira após falta de entendimento para prorrogar o acordo.
Durante a pausa nos combates, 105 reféns do Hamas foram libertados na Faixa de Gaza, incluindo 81 israelitas e 24 estrangeiros, enquanto Israel entregou 240 prisioneiros palestinianos, todos mulheres e menores, e foi permitida a entrada de ajuda humanitária no território.
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