Guiné-Bissau. CEDEAO condena violência e qualquer ação anticonstitucional
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condenou hoje os atos de violência na capital da Guiné-Bissau na sexta-feira e "todas as tentativas de perturbação da ordem constitucional" no país.
© Lusa
Mundo Guiné-Bissau
Em comunicado divulgado hoje, a CEDEAO pede a "detenção e julgamento dos responsáveis pelo incidente" e "condena veementemente a violência e todas as tentativas de perturbação da ordem constitucional e do Estado de direito".
No texto hoje divulgado, a comunidade da sub-região expressa "a sua total solidariedade para com o povo e as autoridades constitucionais da Guiné-Bissau".
Na sexta-feira de manhã, o Comandante da Guarda Nacional da Guiné-Bissau e mais alguns elementos da corporação foram detidos por elementos da Polícia Militar, depois de confrontos armados entre aquela estrutura e forças do Batalhão do Palácio presidencial durante a madrugada, que causaram pelo menos dois mortos
Os confrontos ocorreram numa altura em que o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Biague Na Ntan, se encontra fora do país.
Fontes militares afirmaram à Lusa tratar-se de confrontações entre elementos da Guarda Nacional e forças do Batalhão do Palácio presidencial.
Os tiros acontecem na sequência de tensões vividas durante toda a noite de quinta-feira, depois de o Ministério Público ter decretado a prisão preventiva do ministro das Finanças, Sulemaine Seide, e do secretário de Estado do tesouro, António Monteiro.
Os dois membros do Governo foram levados para a sede da Polícia Judiciária, de onde terão sido retirados das celas por elementos da Guarda Nacional, segundo indicaram à Lusa várias testemunhas.
Os governantes estão a ser investigados no âmbito de um pagamento de seis mil milhões de francos CFA (cerca de 10 milhões de dólares) a 11 empresários, através de um crédito a um banco comercial de Bissau.
O ministro Suleimane Seidi foi ouvido, na segunda-feira no parlamento, onde confirmou a solicitação do crédito e ainda defendeu que todo o processo obedeceu à legalidade e ainda reafirmou ser um procedimento normal entre os Governos da Guiné-Bissau.
Logo após a denúncia do caso, o Ministério Público efetuou buscas e apreendeu documentos no Ministério da Economia e Finanças e ainda no banco que concedeu o crédito para o pagamento aos empresários.
Vários dirigentes do Ministério da Economia e Finanças já foram ouvidos desde a semana passada e hoje os dois principais responsáveis da instituição foram detidos.
Suleimane Seidi e António Monteiro são dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que lidera a coligação PAI -Terra Ranka, no Governo, juntamente com o Partido da Renovação Social (PRS), Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG) e mais cinco pequenas formações políticas.
O Madem G15, partido que apoia o presidente da República Umaro Sissoco Embaló, e a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU - PDGB) são os únicos da oposição no parlamento.
Na sexta-feira, a ONU apelou ao respeito pelo Estado de direito e instou os membros das forças armadas e de segurança a "continuarem a abster-se de qualquer interferência na política nacional".
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