Violência sexual é usada como "instrumento de guerra" no Sudão

A violência sexual é generalizada no Sudão, por vezes com motivações étnicas, é utilizada como "um instrumento de guerra" e os autores devem ser processados, afirmaram hoje peritos das Nações Unidas (ONU).

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Lusa
30/11/2023 18:00 ‧ 30/11/2023 por Lusa

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"Estamos chocados com os relatos de utilização generalizada da violência baseada no género, incluindo a violência sexual, como instrumento de guerra para subjugar, aterrorizar, quebrar e punir mulheres e raparigas", afirmaram os peritos independentes, mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, numa declaração conjunta.

Desde abril, as forças leais ao chefe do exército, Abdel Fattah al-Burhan, estão em guerra com as forças paramilitares de Apoio Rápido (RSF), comandadas pelo seu antigo adjunto, Mohamed Hamdan Daglo.

Mais de 10.000 pessoas foram mortas, de acordo com uma estimativa conservadora do Projeto de Dados sobre Conflitos Armados e Eventos.

Peritos, incluindo os Relatores Especiais sobre a Violência contra as Mulheres e as Raparigas e sobre a Exploração Sexual e o Abuso de Crianças, afirmaram que as RSF e os seus aliados parecem estar por detrás da maior parte da violência sexual no conflito.

Citaram relatos de violação, exploração sexual, escravatura e tráfico de seres humanos, que "em alguns casos podem ter motivações raciais, étnicas e políticas".

Foram também relatados casos de prostituição forçada e de casamento forçado de mulheres e raparigas.

A violência parece ser frequentemente utilizada "como forma de punir comunidades específicas visadas pelas RSF e milícias aliadas", sublinharam os peritos, acrescentando que, em alguns casos, migrantes não-sudaneses, refugiados e apátridas também foram visados.

"Estes atos graves já não se concentram em Cartum ou no Darfur, tendo-se estendido a outras regiões do país, como o Cordofão", alertaram.

Os peritos apelaram a que a missão de investigação que o Conselho dos Direitos do Homem lançou em outubro para examinar as violações dos direitos humanos no Sudão investigue os atos de violência sexual, a fim de garantir que os seus autores sejam responsabilizados.

Independentes, mas mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, os peritos alertaram para o facto de a escala e a gravidade da violência sexual estarem "grosseiramente subestimadas".

A guerra fez descarrilar o processo de transição que se arrasta desde o derrube de Omar Al Bashir, em abril de 2019, após 30 anos no poder.

Este confronto já causou milhares de mortos e mais de 7,1 milhões de deslocados internos no Sudão, tornando-o o país com o maior número de deslocados internos do mundo, segundo as Nações Unidas.

As partes mantiveram recentemente conversações na Arábia Saudita, mas não chegaram a acordo sobre um cessar-fogo.

Leia Também: ONU pede 1.645 milhões de euros para ajuda humanitária no Sudão do Sul

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