Prisão perpétua para jovem que matou mulher em ato terrorista no Canadá
O ataque num centro de massagens foi associado a uma teoria da conspiração misógina - grupos de homens que a promovem apoiam ataques contra mulheres por considerarem que estas são responsáveis pela sua falta de relações sexuais.
© Twitter/HUMBOLDT BRONCOS
Mundo Canadá
Um jovem canadiano foi condenado a prisão perpétua esta terça-feira devido ao homicídio de uma mulher em fevereiro de 2020, em Toronto, num salão de massagens, com o juiz a considerar que os motivos que levaram ao esfaqueamento mortal equivalem a um ato de terrorismo ligados a uma subcultura perigosa.
O réu, que não foi identificado por ter apenas 17 anos na altura do crime, esfaqueou Ashley Noelle Arzaga, uma funcionária de 24 anos que trabalhava no salão, ferindo gravemente outra mulher no incidente.
No ano passado, o homem declarou-se culpado de dois crimes de homicídio em primeiro grau e um crime de tentativa de homicídio, com o juiz a condená-lo a prisão perpétua e a impedir que este seja elegível para liberdade condicional durante os primeiros 10 anos da pena.
O juiz Sukhail Akhtar, citado pela Associated Press, considerou que o ataque podia ser considerado como um ataque terrorista, por ter sido fomentado por uma teoria de conspiração extremamente perigosa que defende a ideia de 'celibato involuntário'. Esta teoria que surgiu em grupos machistas e misóginos de extrema-direita na América do Norte, e desenvolvida em subgrupos na internet, responsabiliza as mulheres pela sua falta de uma vida sexual ativa que, argumentam, têm direito a ter.
A teoria tem sido catalogada por especialistas em grupos e organizações extremistas. Recentes mudanças de revisão de conteúdos em várias redes sociais - nomeadamente no Twitter (agora X), desde que foi comprado por Elon Musk - levaram a que estas teorias, outrora de nichos muito escondidos, se tornassem cada vez mais populares e perigosas. Vários ativistas alertam que estes grupos procuram tornar a solidão sexual destes homens em raiva e misoginia contra mulheres, e o ataque de fevereiro de 2020 acabou por ser a demonstração dessa violência.
Documentos apresentados em tribunal demonstraram que o então jovem tinha planeado atacar mulheres com recurso a uma espada, depois de ter sido radicalizado em grupos que promoviam as mesmas teorias.
Segundo a Associated Press, esta poderá ser a primeira vez que um tribunal canadiano considera como terrorista um ataque motivado por uma teoria da conspiração.
A acusação pediu que o homem fosse julgado como um adulto, já que estava a apenas seis meses de fazer 18 anos e dado o planeamento extremamente longo e ponderado do crime. Além disso, argumentou que o réu não demonstrou quaisquer remorsos.
No Canadá, homicídios em primeiro grau são automaticamente penalizados com pena perpétua e impossibilidade de pedir liberdade condicional durante 25 anos - pelo que a defesa pediu um meio-termo dada a idade na altura do crime.
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