"Além dos 'rótulos', é sobretudo o clima hostil em relação aos estudantes judeus que queremos denunciar", afirmou o presidente daquela instituição, Samuel Lejoyeux, acrescentando que os universitários em questão "sentem-se inseguros".
Na Universidade de Nanterre, a oeste de Paris, os estudantes judeus relataram à imprensa que enfrentam "pressões" e "ameaças" dentro do sistema, apesar de as universidades tentarem combater a situação.
A distribuição de um folheto e de um vídeo considerado antissemita levou a universidade a apresentar duas queixas à Justiça, estando os casos a ser "atualmente investigados", segundo o presidente da câmara local, Laurent Hottiaux.
A ministra francesa do Ensino Superior, Sylvie Retailleau, que esteve hoje em Nanterre, descreveu o antissemitismo nas universidades como "um flagelo", considerando os atos como "intoleráveis".
"Não se pode chegar à universidade, seja qual for a sua religião ou crenças, com um nó no estômago", disse, atribuindo os atos antissemitas em Nanterre a "uma minoria de pessoas da extrema-esquerda", sem dar mais detalhes.
Este clima de hostilidade não se limita à França, onde os atos nas universidades "são uma minoria se compararmos, por exemplo, com os Estados Unidos", ressalvou Lejoyeux, admitindo, no entanto, estar "preocupada".
Vários outros sindicatos estudantis, incluindo a organização de esquerda Unef (a maior união nacional de estudantes de França, próxima do Partido Socialista), convocaram uma manifestação "contra o antissemitismo" para esta noite, em Paris.
"É uma constatação que fazemos há anos e desde 07 de outubro: temos um problema de antissemitismo nas universidades", disse a secretária-geral da Unef, Hania Hamidi, em declarações à agência francesa de notícias AFP.
As autoridades de França registaram mais de 1.500 atos antissemitas desde 07 de outubro, o que representa o triplo do total registado no ano 2022.
Também o presidente da France Universités, que reúne os líderes das universidades e dos estabelecimentos de ensino superior e de investigação, referiu a existência de atos antissemitas.
São "atos isolados" e "relativamente poucos, mas qualquer um já é demais" afirmou Guillaume Gellé, sublinhando que os reitores das universidades estão "mobilizados contra o antissemitismo" e "reagem muito rapidamente em caso de incidentes".
Nos Estados Unidos, os atos antissemitas são muito mais numerosos. O Departamento de Educação norte-americano abriu recentemente várias investigações por atos de antissemitismo ou islamofobia em prestigiadas universidades, como as universidades de Columbia, Cornell e Pensilvânia.
Um ataque surpresa e de grande dimensão foi lançado, em 07 de outubro, pelo Hamas contra Israel, provocando, de acordo com as autoridades israelitas, mais de 1.200 mortos e 240 reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impondo um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
A retaliação israelita já matou, segundo o Hamas, mais de 13.300 mortos.
?A ONU indicou que mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra, tendo a maior parte fugido para sul.
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