Na abertura da Cimeira Mundial sobre Segurança Alimentar, que juntou na capital britânica ministros, diplomatas e filantropos de cerca de 20 países, Rishi Sunak propôs uma "mudança fundamental" na forma de abordar o flagelo da fome, procurando "soluções a longo prazo para travar as crises alimentares antes de estas começarem".
"Precisamos de aproveitar todo o poder da ciência e da tecnologia para garantir que as provisões são resistentes a ameaças como conflitos, secas e inundações", afirmou.
Sunak revelou que o Reino Unido já está a aplicar a Inteligência Artificial para calcular o impacto das alterações climáticas na agricultura, e que este trabalho ajudou a Somália a evitar uma crise de subnutrição no ano passado.
O chefe do Governo britânico anunciou ainda a abertura de um novo Centro Científico virtual ligado ao Grupo Consultivo para a Investigação Agrícola Internacional (CGIAR) para envolver cientistas britânicos em projetos nesta área.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico indicou que o país já ajudou a desenvolver, através do CGIAR, produtos como arroz tolerante às inundações, trigo resistente às doenças e a batata-doce biofortificada e rica em vitaminas.
A Cimeira Mundial sobre Segurança Alimentar é co-organizada pela Somália e pelos Emirados Árabes Unidos, juntamente com as organizações Fundo de Investimento para Crianças e a Fundação Bill & Melinda Gates.
Estava previsto que pelo menos 20 países estivessem representados a nível oficial, incluindo Moçambique, Brasil, Paquistão, Iémen, Etiópia, Tanzânia e Malaui.
Segundo o programa do evento, o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural moçambicano, Celso Correia, deveria intervir numa sessão intitulada "Construir um sistema alimentar sustentável e resistente ao clima".
O local da conferência foi alvo de um protesto por parte de ativistas da organização Medical Aid for Palestinians, que apelaram a um cessar-fogo na guerra em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, para que a ajuda alimentar e humanitária necessária e urgente possa chegar a Gaza.
"É bom que estejam a falar sobre a questão da alimentação e da segurança no mundo. Mas se o quiserem fazer seriamente, não podem ignorar a situação em Gaza, onde 2,2 milhões de pessoas correm o risco de morrer à fome", afirmou a diretora executiva da organização de ativistas, Melanie Ward.
"Devido ao cerco imposto a Gaza, a quantidade de ajuda recebida no último mês é apenas suficiente para cerca de dois dias normais em Gaza. Assim, menos de 10% dos alimentos necessários para manter viva a população de Gaza estão a chegar", alertou.
O Reino Unido, tal como os Estados Unidos, não apelou a um cessar-fogo, mas Sunak instou Israel a concordar com "pausas humanitárias urgentes e substanciais" para a entrada de alimentos, combustível e medicamentos em Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.
"A situação no terreno é verdadeiramente trágica e está a piorar", afirmou ainda o primeiro-ministro britânico no discurso de abertura da cimeira.
Leia Também: Palestinianos "enfrentam ameaça imediata de fome"