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Democratas sugerem ajudar Mike Johnson no seu 1.º desafio como 'speaker'

O plano para financiar a função pública apresentado pelo líder republicano não foi bem acolhido inicialmente pela esquerda norte-americana, mas a oposição firme da extrema-direita (a mesma oposição que fez cair o anterior 'speaker', Kevin McCarthy) fez os democratas ponderar uma trégua temporária.

Democratas sugerem ajudar Mike Johnson no seu 1.º desafio como 'speaker'

Semanas depois de sair da sombra e de se tornar, surpreendentemente, no novo líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Mike Johnson enfrenta esta terça-feira o primeiro teste 'a sério' à sua frágil liderança no Partido Republicano, que o poderá obrigar a cometer o mesmo 'erro' que o seu antecessor: colaborar com o outro lado da barricada. A diferença é que, desta vez, o outro lado da barricada parece estar mais disposto a negociar.

No fim de semana, Johnson apresentou o seu plano, uma resolução continuada (do inglês 'Continued Resolution', ou CR) que financiaria a função pública até ao final do ano e iria garantir que departamentos como a Agricultura e Transportes teriam dinheiro para funcionar até 19 de janeiro, enquanto que o departamento da Defesa e outros ramos do governo federal funcionariam até 2 de fevereiro.

Além disto, a proposta não inclui apoios militares e financeiros a Israel, Ucrânia ou Taiwan, nem ajuda humanitária a palestinianos, nem um aumento de financiamento para as forças de segurança na fronteira com o México. Todos assuntos algo controversos que criaram uma forte divisão até dentro dos dois partidos norte-americanos.

Isto, espera o congressista nacionalista do Louisiana, irá evitar um 'shutdown', um apagão no governo federal e estadual, fruto da forma como os Estados Unidos criam a sua política orçamental - ou seja, se até ao final do ano fiscal, o Congresso não aprovar um novo pacote orçamental para financiar o governo federal, este fecha todos os serviços não-essenciais e os funcionários públicos não são pagos até uma medida de financiamento nacional for aprovada.

O problema foi precisamente o mesmo que fez Kevin McCarthy cair da liderança do Partido Republicano, que foi afastado após tentar gerir a aprovação de uma CR entre republicanos moderados, republicanos de extrema-direita e os democratas.

No entanto, ao contrário de McCarthy, o líder recentemente eleito da Câmara dos Representantes pode contar com o apoio da esquerda, contra as expectativas iniciais. Depois da divulgação do plano, o Partido Democrata criticou prontamente o 'speaker' e a sua resolução, com a Casa Branca a classificá-lo como "extremo" e "pouco sério"; já Hakeem Jeffries, o líder dos democratas na câmara baixa do Congresso, afirmou em conferência de imprensa que "a noção de uma CR nivelada é outra brincadeira política de extrema-direita que só irá tombar e queimar o governo federal".

Mas poucos dias depois, os democratas estão muito mais preparados para negociar com Mike Johnson. O primeiro debate é esta terça-feira e os dois líderes do Senado, Chuck Schumer (democrata) e Mitch McConnell (republicano) sugeriram que a CR iria ser aprovada sem dificuldade pelo Senado, e Joe Biden, o presidente dos EUA, não se quis comprometer na segunda-feira sobre um possível veto à medida. "Vamos ver o que eles conseguem arranjar", referiu.

Já Jeffries, numa carta aos colegas citada pela NBC News, admitiu que os líderes democratas estão a "avaliar cuidadosamente a proposta".

Dean Phillips, democrata do Minnesota e candidato à Casa Branca contra Joe Biden, resumiu a postura de muitos democratas moderados à NBC: "[A proposta] Não é perfeita, mas é muito melhor do que um encerramento".

A maior abertura dos democratas será muito bem-vinda por Johnson, eleito líder da Câmara dos Representantes no final de outubro após um longo, confuso e autodestrutivo processo eleitoral no qual os 8 congressistas mais extremistas e ultranacionalistas do Partido Republicano vetaram candidato atrás de candidato, forçando qualquer líder a virar-se ainda mais à direita altamente xenófoba e anti-LGBT.

Desta vez, os mesmos congressistas já declararam que vão mesmo forçar o 'speaker' a virar-se à esquerda, prejudicando possivelmente a sua posição junto do resto do partido. Scott Perry, um republicano extremista do Pensilvânia, argumentou através do Twitter (agora X) que a CR "falha em reconhecer a irresponsabilidade fiscal e não faz nada exceto dar poder a um Senado que não faz nada e a um presidente fiscalmente iletrado".

Johnson, um congressista jovem do Louisiana que se manifesta como profundamente religioso e conservador, que questiona o consenso científico sobre a ação humana nas alterações climáticas e sobre a evolução humana, que considera a homossexualidade como um "estilo de vida perigoso" e que apoiou as alegações de fraude eleitoral de Donald Trump, acabou por ser eleito sem ser conhecido por uma grande parte do público, após várias rondas de votações.

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