Cancro mais mortífero na Venezuela é o da próstata e 'tabus' complicam
O cancro mais mortífero na Venezuela é o da próstata e para isso, alertam os especialistas, contribuem 'tabus' masculinos, que levam os homens a evitar exames e, em casos extremos, até ao suicídio.
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Mundo Cancro
Juan Saavedra, diretor-geral da Sociedade Contra o Cancro venezuelana (SAV, na sigla em castelhano), disse à Lusa que o cancro da próstata está a ser detetado já quase no limite de poder ser tratado e que os casos estão a aumentar.
"Se formos a uma festa ou reunião social, as mulheres não têm qualquer problema em dizer que vão ir ao ginecologista para fazer uma avaliação, o 'papanicolau' ou uma mamografia, mas os homens não dizem que vão ir ao urologista fazer o toque retal porque esse paradigma é uma resistência psicológica", disse.
A SAV está a sensibilizar os homens para a necessidade de ir ao urologista a partir dos 45 anos, para fazer a primeira avaliação, "o antigénio prostático no sangue e o exame retal", um procedimento "simples, e se houver alguma suspeita, fazer outros exames complementares".
"Os homens continuam a opor resistência [mas] devem acorrer ao urologista porque a principal causa de morte por cancro na Venezuela é o cancro da próstata", disse à Lusa.
O especialista recorda que este mês é dedicado mundialmente ao diagnóstico e tratamento, à saúde masculina. "Não apenas do cancro da próstata, também dos testículos, do pénis e por isso se chama Mês Azul da Saúde Masculina", explicou.
Saavedra precisou que na Venezuela, 11 pacientes morrem todos os dias de cancro da próstata, um total de 3992 vítimas estimadas este ano. Os fatores de risco são na maioria não modificáveis como a idade, etnia, e hereditários.
"Mas o cancro não é sinónimo de morte. Com a tecnologia atual e os meios ao nosso dispor, através de um diagnóstico precoce e de um tratamento atempado, poderemos alterar os números dramáticos do cancro da próstata (...) e reintegrar socialmente e melhorar a qualidade de vida dos pacientes", disse.
Michelina Cipriani, especialista em saúde pública e responsável pela área de Educação da SAV, explicou à Lusa que o cancro da próstata, não produz, inicialmente, qualquer sintoma.
"Não dói. E, quando há sintomas, o cancro já está avançado e provavelmente tem metástases em algum outro órgão do corpo", disse a especialista. "Queremos que os pacientes façam um check-up todos os anos, mesmo quando se sintam saudáveis", frisou.
Cipriani alertou ainda para a importância da saúde mental associada ao cancro, porque "os homens tendem a ficar mais deprimidos do que as mulheres, tendem a suicidar-se mais, quando lhes é dado o diagnóstico".
"A mulher preocupa-se em ver como resolver a sua situação, mas o homem não. Ele fica deprimido, e por isso há que obrigá-lo a fazer os tratamentos e os check-ups sucessivos", frisou.
"Não esperem a que se sintam se doentes, porque quando já têm sintomas é porque o cancro já está muito avançado internamente", disse.
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