China expressa "condolências" pela morte de ex-primeiro-ministro
O governo chinês expressou hoje as suas "profundas condolências" após a morte do antigo primeiro-ministro Li Keqiang, que exerceu o cargo entre 2013 e 2023 e morreu subitamente, aos 68 anos.
© NOEL CELIS/AFP via Getty Images
Mundo China
"Expressamos as nossas profundas condolências pela morte do camarada Li Keqiang na sequência de um ataque cardíaco súbito", declarou Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa regular.
Mao Ning recomendou aos jornalistas que consultem o despacho difundido pela agência noticiosa oficial Xinhua sobre a morte de Li, sem acrescentar mais detalhes.
O antigo primeiro-ministro morreu pouco após a meia-noite, depois de "todos os esforços para o reanimar terem falhado", indicou a Xinhua, no curto despacho de três parágrafos.
A agência disse que um obituário seria publicado mais tarde.
Li foi o principal responsável pela política económica da China durante uma década, que coincidiu com o despontar de uma guerra comercial e tecnológica com os Estados Unidos e a pandemia da covid-19.
Conhecido por defender o setor privado, Li perdeu grande parte da sua influência à medida que o Presidente chinês, Xi Jinping, centralizou o poder e priorizou a segurança do regime, em detrimento do crescimento económico.
A imprensa estatal chinesa limitou-se a difundir o curto despacho da Xinhua, colocando-o numa posição secundária na disposição das notícias nos respetivos portais.
Nas redes sociais, contudo, as palavras-chave relacionadas com a morte de Li na rede social Weibo tiveram mais de mil milhões de visualizações em apenas algumas horas. Nas partilhas sobre Li, o ícone para "gosto" foi transformado numa margarida - flor comum nos funerais na China, e muitos internautas escreveram "descansa em paz".
Outros consideraram a sua morte uma perda, afirmando que Li trabalhou arduamente e contribuiu muito para o país.
"Os bons morrem cedo, os maus vivem mil anos", escreveu um internauta na rede social Wechat.
Li, economista fluente em inglês, pertencia a uma geração de políticos formados numa época de maior abertura às ideias liberais ocidentais. Introduzido na política durante a caótica Revolução Cultural (1966-76), ele conseguiu entrar na prestigiada Universidade de Pequim, onde estudou Direito e Economia, pelos seus próprios méritos e não por ligações políticas.
Li era visto como o sucessor preferido do antigo secretário-geral do Partido Comunista Hu Jintao, que ocupou o cargo entre 2002 e 2012. A necessidade de equilibrar as fações do Partido levou a liderança a escolher Xi, filho de um antigo vice-primeiro-ministro e um burocrata com uma longa carreira, como o candidato de consenso.
Os dois nunca chegaram a formar uma parceria como a que caracterizou a relação de Hu com o seu primeiro-ministro, Wen Jiabao - ou a de Mao Zedong com Zhou Enlai - embora Li e Xi nunca tenham discordado abertamente sobre aspetos fundamentais.
Em outubro de 2022, Li foi afastado do Comité Permanente do Politburo durante o 20º Congresso do Partido Comunista, apesar de estar mais de dois anos abaixo da idade de reforma informal, de 70 anos. Em março, Li Qiang, que tem ligações antigas a Xi, substituiu-o.
A sua saída marcou um afastamento dos tecnocratas qualificados que ajudaram a conduzir a economia chinesa em favor de funcionários conhecidos principalmente pela sua lealdade inquestionável a Xi.
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