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Parlamento Europeu condena "perigosa política" da Sérvia face ao Kosovo

O Parlamento Europeu (PE) aprovou hoje uma resolução considerando que o Governo da Sérvia está a prosseguir uma perigosa política face ao Kosovo e parceiros ocidentais e exorta à desescalada das tensões.

Parlamento Europeu condena "perigosa política" da Sérvia face ao Kosovo
Notícias ao Minuto

13:22 - 19/10/23 por Lusa

Mundo Kosovo

O texto, adotado pelos deputados por braço no ar, condena o "hediondo e cobarde ataque terrorista contra membros da polícia do Kosovo organizado por paramilitares sérvios bem organizados" em Banjska em 24 de setembro passado e pede às duas partes para promoverem a redução das tensões no norte do Kosovo.

Os deputados do PE referem estar a seguir de perto as investigações promovidas pelas autoridades albanesas kosovares e exorta a Sérvia a cooperar e traduzir perante a justiça os responsáveis pelo ataque que atualmente se encontram em território da Sérvia, facilitando inclusive "a sua extradição para o Kosovo".

O texto aprovado pelos membros do PE também assinala o "comportamento militar agressivo associado a uma radicalização da mensagem política na Sérvia e fortes indicações do envolvimento do Estado sérvio na recente violência política no norte do Kosovo", considerando que Belgrado "prossegue uma perigosa mas coerente política face ao Kosovo e parceiros ocidentais.

Assinala-se ainda a preocupação "pelas evidentes ligações de grupos criminais violentos no norte do Kosovo e na Sérvia com o Estado sérvio".

Os deputados também consideraram que caso as investigações concluam sobre um envolvimento direto do Estado sérvio nos ataques de 24 de setembro, "a Comissão deverá congelar os fundos fornecidos à Sérvia no âmbito do Instrumento de Assistência III de Pré-Adesão", e apelam ao Conselho que adote "medidas restritivas, incluindo mas não limitadas ao congelamento de bens e proibições de viagem, contra atores desestabilizadores no norte do Kosovo e líderes de importantes redes de crime organizado".

Num tom apaziguador, o PE apela à Sérvia e ao Kosovo que se envolvam de novo numa resolução pacífica das disputas através do diálogo promovido pela União Europeia (UE-facilitated dialogue).

Os membros do PE também pedem ao Conselho que levante as "medidas negativas que adotou contra o Kosovo" e reinicie os "contactos de alto nível" com a Presidente e o Governo de Pristina. Apelaram ainda à Comissão para elaborar até ao final deste ano um "roteiro ambicioso e transparente" relacionado com o processo de adesão do Kosovo.

Um responsável político dos sérvios do Kosovo, Milan Radojicic, acusado por Pristina de chefiar o comando que efetuou uma ação militar no norte do território, afirmou no passado dia 29 de setembro que organizou o grupo à revelia de Belgrado.

Milan Radojicic, que se encontra na Sérvia, explicou numa carta aberta lida em conferência de imprensa em Belgrado pelo seu advogado Goran Petronijevic, que agiu em resposta ao "terror" do Governo do Kosovo contra a comunidade sérvia local.

O objetivo da ação, explicou, foi "criar as condições para realizar o sonho de liberdade do [seu] povo no norte do Kosovo".

A Sérvia recusa reconhecer a independência a sua antiga província do sul, autoproclamada em 2008 pelos independentistas albaneses locais e que constituem a maioria da população.

A morte de um polícia kosovar albanês, morto em 24 de setembro no norte do Kosovo, onde os sérvios são maioritários, e o intenso tiroteio que se seguiu que opôs forças especiais da polícia kosovar ao comando sérvio fortemente armado, constituiu uma das mais graves escaladas registadas nos últimos anos.

Três membros do comando, que se refugiaram num mosteiro ortodoxo perto da fronteira com a Sérvia, foram mortos por forças albaneses kosovares.

A Kfor, a força multinacional da NATO no Kosovo e presente no território desde 1999, reforçou a sua presença no terreno e possui atualmente cerca de 4.800 efetivos.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo -- a sua antiga província do sul e considerada o berço da sua nacionalidade e religião -- proclamada em fevereiro de 2008 na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Os dois países negoceiam a normalização das relações assente num novo plano da UE, apoiado pelos Estados Unidos, com um roteiro acordado por Belgrado e Pristina em março passado, mas que poderá estar comprometido devido à persistência das tensões.

Leia Também: UE vai esperar investigação a ataque de paramilitares no Kosovo

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