Durante vários anos de cerco fechado e várias ações militares na Faixa de Gaza, o Hamas, o grupo fundamentalista palestiniano que gere o pequeno enclave preso no sul da região, reagiu com o disparo de rockets e mísseis, com a grande maioria a serem travados pela defesa antiaérea israelita.
Esta manhã, o Hamas surpreendeu Israel e o mundo e lançou uma das suas maiores operações militares em décadas, tomando vários pontos de controlo na Faixa de Gaza, esquadras da guarda israelita e terá feito prisioneiros vários líderes militares de Israel. Quase 100 pessoas morreram na sequência do ataque.
Como resposta, os israelitas responderam com uma declaração de guerra contra o grupo considerado terrorista e contra-atacaram sob Gaza, matando, segundo os dados mais recentes das autoridades palestinianas, quase 200 pessoas.
O mundo não tardou em reagir à violência, que tem vindo a intensificar-se nos últimos anos à medida que Israel tem apertado o cerco aos palestinianos, tanto em Gaza como na Cisjordânia, tanto em termos legislativos como em termos sociais, e os grupos de resistência armada têm retaliado com ataques em cidades como Jenin e Nablus.
Os países no Ocidente e no Atlântico Norte colocaram-se imediatamente do lado de Telavive, com o seu maior aliado, os Estados Unidos, a condenarem as ações do Hamas e a prometerem ajudar Israel. "O nosso compromisso para assegurar o direito de autodefesa de Israel continua em pé. O Departamento de Defesa irá trabalhar para que Israel tenha o que precisar para se defender e proteger os seus civis da violência indiscriminada e do terrorismo", disse o secretário Lloyd Austin, em comunicado.
Na União Europeia, foram vários os líderes mundiais a pronunciarem-se, com Ursula von der Leyen, uma forte aliada do regime de Benjamin Netanyahu, a condenar "com a maior veemência possível o ataque sem sentido do Hamas contra Israel". Já o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, declarou que "esta violência horrível tem de cessar imediatamente".
I unequivocally condemn the attack carried out by Hamas terrorists against Israel.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) October 7, 2023
It is terrorism in its most despicable form.
Israel has the right to defend itself against such heinous attacks.
Outros líderes, como Emmanuel Macron, Rishi Sunak e Olaf Scholz emitiram comunicados semelhantes, acusando o Hamas de "terrorismo" e declarando que Israel tem "o direito a defender-se".
Em Portugal, as três figuras do Estado - Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Augusto Santos Silva - também manifestaram o seu apoio a Israel, com o primeiro-ministro a declarar que "os ataques terroristas de hoje contra Israel são inaceitáveis e merecem a nossa forte condenação". Convém recordar que, em julho deste ano, a Assembleia da República aprovou um voto de solidariedade com o povo palestiniano, devido aos 75 anos da ocupação israelita e o início da Nakba.
Do lado da Palestina, têm sido principalmente governos no Médio Oriente e organizações não-governamentais a saírem em defesa do povo palestiniano, embora alguns líderes tenham feito questão de separar a luta pela libertação palestiniana do próprio Hamas, acusado muitas vezes de minar essa luta devido a associações terroristas.
O movimento BDS (Boicote, Desenvestimento e Sanções), que representa o maior grupo de resistência pacífica internacional de apoio à Palestina, condenou "veementemente a hipocrisia e a cumplicidade do Ocidente colonial por, mais uma vez, ignorar a opressão de décadas de Israel contra os palestinianos".
We strongly condemn the hypocrisy and complicity of the colonial West for, once again, ignoring Israel's decades-long oppression against Palestinians and attacking Palestinian armed resistance as if "violence" just began this morning.#ColonialHypocrisyhttps://t.co/15aQXViAZU
— BDS movement (@BDSmovement) October 7, 2023
O ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito - país que também é responsável pela situação em Gaza, já que o enclave faz fronteira com o nordeste do Egito - avisou para as "graves consequências" do ataque" e pediu acima de tudo que os civis fossem poupados.
Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan pediu que fossem evitados "passos impulsivos", mas fez questão de recordar o "estatuto histórico" da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, um dos pontos mais intensos da ocupação israelita e um sítio sagrado constantemente desrespeitado pelos altos cargos israelitas (especialmente deste último governo de extrema-direita).
A Arábia Saudita, que tem promovido uma aproximação a Israel e que se mantém próximo a nível económico dos Estados Unidos, zelou por um fim "imediato" da escalada "sem precedentes" da violência. "A Arábia Saudita está a acompanhar de perto a escalada sem precedentes entre as fações palestinianas e as forças de ocupação israelitas, que resultou num aumento da violência", afirmou o governo.
O Irão, o maior adversário de Israel na região, apoiou obviamente o Hamas, com o conselheiro do líder supremo iraniano Ali Khamenei a dizer que o regime estava "orgulhoso" e apontou o dedo às mortes de menores palestinianos. Já o Hezbollah, outro grupo fundamentalista no Líbano, considerou o ato como "heroico" e "vitorioso".
Leia Também: Cerca de 300 mortos em ataque do Hamas e contra-ataque israelita