Comício do AfD em Munique atrai mais opositores do que apoiantes

Um comício do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) realizado hoje em Munique, a três dias das eleições regionais na Baviera, reuniu apenas algumas dezenas de apoiantes, contra centenas de contramanifestantes.

Bavaria, Munique, Manifestação contra extrema-direita,

© Getty Images

Lusa
05/10/2023 18:37 ‧ 05/10/2023 por Lusa

Mundo

Alemanha

Um dia depois de um evento contra a extrema-direita ter reunido largos milhares de pessoas na Odeonsplatz, uma das principais praças de Munique, a capital da Baviera, a ação de campanha hoje organizada pelo AfD na Karlsplatz juntou menos de uma centena de apoiantes, sendo muitos mais os que se concentraram no local para se manifestar contra um partido que classificam de "nazi".

O evento decorreu sob um forte dispositivo de segurança, com muitos agentes, veículos, ambulâncias e polícia de intervenção presentes na praça, tendo sido por vezes necessária a sua intervenção para serenar os ânimos, quando se apercebiam de trocas de palavras mais acesas entre os apoiantes 'anónimos' do AfD, sem quaisquer adereços que os identificassem com o partido, e os ativistas "antifascistas", esses sim trajados a rigor, com 't-shirts' com 'slogans' contra o racismo e o nazismo, e muitos cartazes e faixas.

"O AfD é uma associação nazi", lia-se num cartaz empunhado por uma jovem, confrontada por uma senhora de mais idade, apoiante do partido. Nas faixas envergadas pelos ativistas -- minuciosamente revistados pela polícia à chegada à praça -, podia-se ler 'slogans' como "Nenhuma alternativa", "Torna-te ativo: sabota a campanha da extrema-direita" e "Lutar contra a viragem à direita", neste último caso com a ilustração de uma cruz suástica destruída.

Quando o principal responsável político do partido, o deputado Uli Henkel, subiu ao pequeno palco para discursar, os contramanifestantes fizeram-se ouvir alto e bom som, auxiliados por apitos e chocalhos, tornando praticamente inaudível a sua intervenção, e vaiando-o cada vez que este apelava ao voto no AfD nas eleições de domingo.

"Estamos aqui porque este partido é fascista e racista, não é democrático, é contra os valores da democracia. Dizem que não são nazis? Basta ir ao 'Google' e ver o que muitos deles já disseram, sobretudo sobre os refugiados", diz Clara, uma das jovens ativistas de esquerda, em declarações à Lusa.

Entre os poucos apoiantes que timidamente aplaudiam as palavras dos responsáveis do AfD que subiam ao palco, praticamente todos escusaram-se a falar para a reportagem da agência Lusa, com exceção de um jovem casal, Maria e Leon, que levaram mesmo o seu filho pequeno ao comício.

"Porque apoiamos o AfD? Porque é o único partido que diz explicitamente que defende a família tradicional e que critica sem 'papas na língua' a política migratória, que todos concordamos que está errada", justifica Maria.

Questionado sobre se não considera o AfD um partido de extrema-direita, Leon teve a mesma resposta-pergunta que Uli Henkel entrevistado pouco antes pela Lusa - "O que é extrema-direita?", rejeitando "etiquetas".

Já quando confrontados com o facto de alas e membros do partido estarem sob vigilância dos serviços secretos por indícios de ideologia nazi e incitamento ao ódio e racismo, comentam que "é um partido grande", pelo que é normal que integre elementos mais radicais.

"Há que escolher uma direção nas eleições, e estamos a escolher aquela que nos parece a direção certa, apenas isso. Não há nenhuma solução ideal", afirma Leon.

Sobre a contramanifestação que decorria a poucos metros de distância, Maria diz até entender "que haja pessoas que possam sentir medo, se calhar por identificarem o AdF com outras coisas", mas considera "errado que se rejeite diferentes perspetivas", sustentando que aquilo que está em causa é a "liberdade de expressão".

A Alemanha é palco, no próximo domingo, de duas eleições regionais nos estados da Baviera e do Hesse que servirão para 'medir o pulso' à tendência de subida da extrema-direita e poderão representar mais um revés para o SPD do chanceler social-democrata Olaf Scholz.

Tanto a Baviera, o maior dos 16 estados federados do país, como o Hesse são desde há muito 'bastiões' da CSU e CDU, os dois partidos 'gémeos' conservadores, que, de acordo com todas as sondagens, voltarão a vencer, mas necessitando de parceiros de coligação para governar, como já sucedeu nos últimos cinco anos em ambos os casos.

Uma das principais expectativas reside nos resultados do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, que entrou em ambos os parlamentos regionais nas anteriores eleições, em 2018, e que, de acordo com as mais recentes sondagens, é atualmente a segunda força política a nível nacional nas intenções de voto, embora esteja mais implementado no leste do país.

Leia Também: Investigado presumível ataque a líder da Alternativa para a Alemanha

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas