Índia diz ao Canadá para retirar 41 dos seus 62 diplomatas no país
A Índia disse ao Canadá para retirar 41 dos seus 62 diplomatas no país, indicou hoje um responsável oficial, na sequência das acusações canadianas sobre um eventual envolvimento de Nova Deli na morte de um líder separatista sikh.

© Twitter/HUMBOLDT BRONCOS

Mundo Canadá
Num novo sinal de agravamento da tensão entre os dois países, um porta-voz oficial citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), que se pronunciou sob anonimato, confirmou a informação que tinha sido previamente divulgada pelo jornal Financial Times.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano não comentou a informação, mas o porta-voz Arindam Bagchi tinha previamente apelado a uma redução dos diplomatas canadianos na Índia, ao considerar que excediam o pessoal diplomático indiano destacado no Canadá.
Em setembro, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, afirmou no parlamento existirem "alegações credíveis" sobre o envolvimento da Índia no assassinato de Hardeep Singh Nijjar, um líder sikh de 45 anos que foi morto por homens de cara coberta em junho em Surrey, arredores de Vancouver.
As autoridades de Nova Deli acusavam há vários anos Nijjar, cidadão canadiano nascido na Índia, de ligações ao terrorismo, uma alegação negada pelo ativista.
O Canadá conta com uma grande comunidade indiana, composta por quase dois milhões de pessoas de ascendência indiana.
Trudeau não confirmou hoje o número de diplomatas que foram convidados a sair, mas sugeriu que o Canadá não vai retaliar.
"É óbvio que atualmente atravessamos um momento muito desafiante com a Índia, mas é por isso muito importante para nós manter diplomatas no terreno a trabalhar com o Governo indiano e no apoio aos canadianos e às famílias canadianas", disse o governante canadiano.
"Consideramos a situação extremamente séria, mas vamos continuar em contacto com o Governo indiano, com responsabilidade e de forma construtiva", prosseguiu.
A Índia acusa há vários anos o Canadá de permitir total liberdade de ação aos separatistas sikhs, incluindo a Hardeep Singh Nijjar.
As autoridades indianas também cancelaram a emissão de vistos para cidadãos canadianos, mas, até ao momento, o Canadá não retaliou.
Previamente, a Índia tinha expulsado um diplomata de topo canadiano, após o Canadá ter forçado à saída do país de um responsável diplomático indiano.
O Canadá acolhe a maior comunidade sikh do mundo fora da Índia, com 770 mil canadianos a declararem-se sikhs em 2021, o que representa 2% da população do país.
Nijjar, canalizador de profissão, era também líder do que resta de um antigo e poderoso movimento que pretendia a criação de uma nação Sikh, conhecida por Calistão.
Nas décadas de 1970 e 1980 uma sangrenta rebelião no norte da Índia acabou esmagada pela repressão governamental, com um balanço de milhares de mortos, incluindo proeminentes líderes sikhs.
O movimento pelo Calistão perdeu progressivamente o seu poder político, mas ainda mantém apoiantes no estado indiano do Punjab e entre a diáspora sikh.
Embora a insurreição ativa tenha terminado há anos, o Governo indiano tem avisado repetidamente que os separatistas sikhs estão a tentar protagonizar um regresso.
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