Andrés Manuel López Obrador disse que o número de migrantes que chegam à fronteira norte do México com os Estados Unidos se deve em parte ao facto de cerca de 6.000 migrantes por dia terem entrado no México vindos da Guatemala na semana passada.
Acrescentou que muitos dos migrantes viajam por uma rota através da América Central que inclui a região de Darien Gap, coberta pela selva, entre o Panamá e a Colômbia.
López Obrador pareceu juntar-se ao seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, ao culpar a situação pelas sanções dos EUA a países como Venezuela e Cuba, países de que são oriundos muitos dos migrantes.
Segundo os especialistas, a má gestão económica e a repressão política são em grande parte responsáveis pela onda de migrantes que abandonam esses países.
Os Estados Unidos sancionaram os dois governos pelo que consideram a supressão da democracia.
López Obrador sugeriu que as sanções se devem a diferenças ideológicas e não à defesa dos direitos humanos, e disse que "as sanções e os bloqueios não podem ser mantidos".
O governo de Gustavo Petro tem sido criticado por fazer pouco para impedir o contrabando de migrantes em escala industrial através da Colômbia.
E a administração de López Obrador pouco fez para impedir que os migrantes apanhassem comboios de mercadorias em direção à fronteira com os EUA, até que a maior linha ferroviária do país se queixou no mês passado e parou alguns comboios, alegando riscos de segurança.
López Obrador também criticou a ajuda norte-americana à Ucrânia, considerando que os Estados Unidos deveriam gastar parte do dinheiro enviado à Ucrânia no desenvolvimento económico da América Latina.
"Eles (os EUA) não fazem nada", sublinhou na sexta-feira.
"É mais, muito mais, o que eles autorizam para a guerra na Ucrânia do que o que dão para ajudar com a pobreza na América Latina e nas Caraíbas", sublinhou.
O presidente do Conselho da América Latina e das Caraíbas apelou na sexta-feira aos EUA para que "eliminem os bloqueios e deixem de assediar os países independentes e livres".
Nas últimas semanas, tem-se registado um aumento do número de migrantes venezuelanos que atravessam o México numa tentativa de chegar à fronteira com os EUA. Muitos dos migrantes afirmam que a deterioração das condições económicas e políticas no seu país de origem os levou a fazer a viagem.
O México condenou a invasão russa da Ucrânia, mas adotou uma política de neutralidade, recusando-se a participar em sanções e continuando a comprar vacinas contra a covid-19 à Rússia e a Cuba.
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