Sobreviveu, mas perdeu família em fogo de Múrcia. "Fui pedir uma bebida"
Homem sobreviveu, mas perdeu a família no incêndio que devastou um espaço de discotecas em Múrcia.
© JOSE JORDAN/AFP via Getty Images
Mundo Espanha
Um homem, que sobreviveu ao incêndio que devastou uma área de discotecas, na zona de Múrcia, em Espanha, provocando pelo menos 13 mortos, lembrou a tragédia e revelou que se salvou "por ir pedir uma bebida".
Em declarações ao diário espanhol ABC, Walter, natural da Nicarágua, contou que estava no local para comemorar o aniversário do primo, Erik, e que tanto o familiar, como a namorada, uma tia e outro primo ficaram presos no segundo piso do espaço, com vários amigos.
"Descobri quando voltei para casa", contou.
Walter lembrou que a noite começou num restaurante, com cerca de 30 pessoas, a maioria nicaraguenses, mas também equatorianos e bolivianos.
"Estava tudo ótimo... Quando terminámos fomos beber um copo", disse, explicando que, algumas dessas 30 pessoas foram para casa após o jantar.
"Por volta das cinco horas, não sei muito bem que horas eram, não sobrou álcool e um amigo e eu descemos ao primeiro andar para pedir uma cachaça com gelo. Ficámos no final do bar. Um pouco mais abaixo havia um duto de ar (...) Primeiro começou a sair uma densa fumaça preta que cheirava a borracha queimada. Segundos depois vimos uma primeira chama e então o pânico irrompeu. Tudo começou a arder", recordou.
A partir daí, tudo aconteceu "muito rápido". O lugar "começou a ficar vazio e a luz apagou-se". "O meu amigo e eu pudemos sair e vimos algumas pessoas, incluindo outro primo meu, Jordan, então pensei que felizmente todos estavam seguros, não me preocupei. Alguns clientes foram para casa e outros ficaram mais curiosos a ver como funcionavam os bombeiros... Saí sem saber nada da tragédia", afirmou.
Ao saber do desaparecimento dos familiares, e sem conseguir contactá-los, Walter regressou ao local, onde se dirigiu ao espaço criado para as famílias, e onde estava a ser prestado apoio psicológico.
"A Polícia informou-nos enquanto retirava os corpos, mas não nos disse quem eram as vítimas. Também não sabíamos os nomes daqueles que foram levados aos hospitais intoxicados pelo fumo. Os agentes pediram-nos que lhes déssemos as escovas de dente dos desaparecidos, as suas roupas, qualquer coisa da qual pudessem extrair amostras. Porque os corpos estão em muito mau estado e identificá-los vai ser complicado", frisou.
"Um dos meus amigos e eu só nos salvamos porque fomos ao bar pedir uma bebida", relatou.
Recorde-se que as autoridades espanholas ainda só conseguiram identificar três das 13 vítimas mortais do incêndio. De acordo com a imprensa local, as vítimas foram identificadas através de impressão digital. Quatro de cinco pessoas desaparecidas após o incêndio já foram localizadas.
O incêndio, declarado cerca das 6 horas [hora local, mais uma do em que Portugal continental], começou numa discoteca e alastrou-se a outros estabelecimentos adjacentes. Os bombeiros conseguiram apagar o fogo por volta das 8 horas.
A Câmara Municipal de Múrcia já declarou três dias de luto.
Trata-se do incêndio mais mortífero registado em Espanha num local de lazer, desde a tragédia vivida em 1990 na discoteca 'Flying', em Saragoça, onde morreram 43 pessoas.
Leia Também: Localizadas com vida 4 das 5 pessoas desaparecidas após fogo em Múrcia
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