Detido há seis anos, o empresário, figura da sociedade civil turca e forte opositor do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan foi acusado de tentativa de derrube do Governo ao financiar manifestações contra o poder em 2013.
"Esta decisão resulta de uma visão que não valoriza nem o direito nem a vida humana", referiu hoje o filantropo ao deputado da oposição Enis Berberoglu, que o visitou na prisão de Silivri, a oeste de Istambul.
Berberoglu precisou em declarações à agência noticiosa AFP que o encontro se prologou "entre 15 e 20 minutos".
Osman Kavala disse ter tomado conhecimento da decisão do Tribunal de apelo "pela televisão" e quando escrevia uma carta a um próximo.
"Estava a iniciar a frase 'Se devo ficar aqui muito tempo', e viu a informação na televisão, E então escreveu 'Penso que vou ficar muito tempo'", afirmou o deputado.
No entanto, o mecenas assegurou ao deputado permanecer com "moral elevada".
As condenações de quatro dos seus coacusados a 18 anos de prisão também foram confirmadas pelo tribunal, incluindo a de Can Atalay, eleito deputado em maio e que desta forma perde o seu mandato.
Outros três indiciados viram as suas penas anuladas, com destaque para Mücella Yapici, porta-voz do Solidariedade Taksim, um coletivo no centro das designadas manifestações de Gezi, que em 2013 desestabilizaram o poder de Recep Tayyip Erdogan, então primeiro-ministro.
Diversos responsáveis europeus e defensores dos direitos humanos denunciaram a confirmação das sentenças de Kavala e dos restantes quatro coacusados.
"Lamentamos a decisão do Tribunal de apelo turco (...). Aumenta as inquietações da União Europeia quanto ao respeito pelo sistema judicial turco das normas internacionais e europeias", reagiu Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, em comunicado divulgado esta noite.
A Amnistia Internacional (AI) também denunciou o veredicto como "politicamente motivado" e destinado a "silenciar as vozes independentes".
Osman Kavala, que viu rejeitados todos os seus apelos, foi condenado definitivamente na noite de quinta-feira a "reclusão perpétua agravada" pelo seu presumível envolvimento nas manifestações de Gezi em Istambul em 2013.
A decisão implica a impossibilidade de libertação antecipada e a sua permanência em isolamento.
Osman Kavala negou desde o início o processo todas as acusações e denunciou um "assassinato judicil" contra si e a influência do chefe de Estado no seu processo.
A recusa da Turquia em aplicar uma deliberação do Conselho da Europa onde se considera que Ancara violou a Convenção europeia dos direitos humanos poderá implicar a e sua expulsão deste organismo pan-europeu.
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