Os britânicos apreenderam estas peças durante a batalha de Magdala, a capital do imperador Tewodros II, quando 13.000 soldados britânicos cercaram a fortaleza.
Entre os artefactos entregues ao embaixador da Etiópia em Londres, Teferi Meles Desta, figura uma madeixa de cabelo pertencente ao príncipe Alemayehu, filho de Tewodros II, segundo um comunicado da embaixada.
Foi devolvido por um descendente do capitão Tristram Speedy, membro da expedição britânica que se tornou tutor do príncipe Alemayehu, disse Alula Pankhurst, membro da Comissão Nacional de Restituição do Património da Etiópia.
Órfão - o pai preferiu o suicídio à rendição e a mãe morreu durante a viagem para Inglaterra - o príncipe morreu aos 18 anos e foi enterrado no Castelo de Windsor.
Mas a monarquia britânica recusa-se a repatriar os seus restos mortais. O Palácio de Buckingham disse à BBC, em maio, que havia o risco de a exumação afetar outros túmulos nas catacumbas da Capela de São Jorge.
Os outros objetos devolvidos incluem também três taças de prata com revestimento de bronze e um escudo.
Numa cerimónia para assinalar a devolução, "o embaixador Teferi sublinhou a importância e as implicações dos artefactos devolvidos e do sagrado Tabot para a Igreja Ortodoxa, para a história e para o desenvolvimento cultural do povo etíope", afirmou a embaixada.
O Tabot, uma réplica das Tábuas da Lei utilizadas pela Igreja Ortodoxa Etíope, foi descoberto por Jacopo Gnisci, um especialista em história da arte da University College London, que soube que estava à venda.
O académico, que fez várias visitas à Etiópia desde 2000 e que trabalha há vários anos sobre o património cristão do país, soube "imediatamente" com o que se deparava, disse à agência AFP.
Não tendo conseguido convencer o vendedor a retirá-lo do mercado, Gnisci adquiriu-o para o devolver à Etiópia.
O Tabot é, "sem dúvida, o objeto mais sagrado de uma igreja etíope" e a consagração é impossível sem ele, explicou.
"A sua desapropriação só pode ocorrer em circunstâncias violentas", continuou o académico, e a sua natureza sagrada é tal que "só pode ser visto ou tocado" por membros do clero.
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