Armas? Declarações do primeiro-ministro polaco foram "mal interpretadas"
O Presidente polaco Andrzej Duda assegurou hoje que a declaração do seu primeiro-ministro anunciando que a Polónia deixava de fornecer armas à Ucrânia foi mal interpretada.
© Stanislav Ivanov/Global Images Ukraine via Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
"As palavras [de Mateusz Morawiecki] foram interpretadas da pior forma possível (...). Na minha perspetiva, o primeiro-ministro queria dizer que não vamos transferir para a Ucrânia o novo armamento que estamos em vias de adquirir para modernizar as Forças Armadas polacas", disse Duda à cadeia televisiva TVN24.
O primeiro-ministro polaco revelou na quarta-feira que o seu país deixou de fornecer armas a Kiev, para se concentrar no seu próprio armamento, horas depois das palavras do Presidente ucraniano sobre o veto de cereais da Ucrânia.
"Já não transferimos armas para a Ucrânia, porque nos armamos com as armas mais modernas", frisou Mateusz Morawiecki, questionado por um jornalista sobre o apoio militar e humanitário da Polónia à Ucrânia, apesar do conflito sobre os cereais.
O primeiro-ministro não disse quando a Polónia, que é um dos maiores fornecedores de armas da Ucrânia, deixou de fornecê-las, nem se esta decisão teve algo a ver com o conflito em torno dos cereais ucranianos.
"Estamos principalmente concentrados na modernização e no armamento rápido do Exército polaco, para que se torne um dos Exércitos terrestres mais poderosos da Europa, e num espaço de tempo muito curto", apontou.
Morawiecki destacou ainda que o centro militar localizado na cidade de Rzeszow, no sudeste do país, por onde passam equipamentos ocidentais destinados à Ucrânia, está a funcionar normalmente.
As autoridades polacas convocaram hoje o embaixador ucraniano em Varsóvia, Vasil Zvarich, em protesto contra as palavras de Volodymyr Zelensky sobre o veto de cereais da Ucrânia, numa escalada de críticas entre os dois países.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que o seu objetivo é responder às palavras de Zelensky, que afirmou durante a sua visita a Nova Iorque por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas que "alguns países estão a ajudar a preparar um palco para o surgimento de um ator de Moscovo".
Em resposta, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, ameaçou hoje, em declarações ao canal polaco Polsa, adicionar mais produtos à lista de importações ucranianas bloqueadas se Kiev "intensificar o conflito" sobre esta questão.
O chefe do executivo polaco publicou ainda um vídeo nas suas redes sociais em que recordou que o seu país "foi o primeiro a fazer muito pela Ucrânia" e por isso espera que os seus interesses sejam compreendidos e promete defendê-los "com toda a determinação".
A Polónia, juntamente com a Hungria e a Eslováquia, decidiu prorrogar unilateralmente a proibição de importação de produtos agroalimentares da Ucrânia, depois de Bruxelas ter levantado as restrições impostas a pedido destes países em 15 de setembro.
Em resposta, a Ucrânia apresentou na segunda-feira uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), o que, comentou hoje Morawiecki, "significa apenas que alguém, neste caso o lado ucraniano, não compreende a desestabilização [a entrada de produtos ucranianos] no mercado agrícola polaco.
A escalada verbal entre a Polónia e a Ucrânia intensificou-se com o discurso na terça-feira do presidente ucraniano durante a reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque.
Mais tarde, o Presidente polaco Andrzej Duda respondeu a estas declarações, dizendo à imprensa que "qualquer pessoa que já tenha participado no resgate de uma pessoa que se afoga sabe que é extremamente perigoso e pode arrastá-la até às profundezas".
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