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"Há países a incitar a conflitos com mentalidade de Guerra Fria"

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, aproveitou esta terça-feira o seu discurso na Assembleia Geral da ONU para louvar o Corão e criticar o mundo ocidental, afirmando que "há países a incitar a conflitos com uma mentalidade de Guerra Fria".

"Há países a incitar a conflitos com mentalidade de Guerra Fria"
Notícias ao Minuto

23:36 - 19/09/23 por Lusa

Mundo Ebrahim Raisi

Defendeu, por isso, a necessidade de criação de "uma nova ordem mundial mais justa e equitativa".

Sem se referir diretamente à Ucrânia - que a Rússia invadiu em fevereiro de 2022 e onde trava desde então uma guerra de agressão, contra as tropas ucranianas equipadas e treinadas pelo Ocidente -, Raisi, cujo país tem fornecido às forças russas 'drones' (aeronaves não-tripuladas), sustentou que um dos males da atualidade é haver "países a incitar a conflitos com uma mentalidade de Guerra Fria, dividindo o mundo em blocos".

"Ironicamente, estas ações são postas em prática em defesa da 'democracia'", observou, acrescentando que "a democracia liberal já mostrou a sua verdadeira natureza: é uma luva de veludo escondendo uma mão de aço".

Explicou depois que a República Islâmica do Irão estende a mão aos países da região, "porque é desejável ter relações construtivas com vizinhos próximos", e declarou que "também está pronta para combater os efeitos das alterações climáticas por meio de uma 'política de boa vizinhança', sem ingerências externas".

"Vemos a segurança dos vizinhos como a nossa própria segurança", referiu.

Quanto a guerras, "a posição da República Islâmica do Irão é que não apoia nenhuma guerra, nem na Europa, nem em lado nenhum", afirmou, vincando em vez disso: "Apoiamos qualquer iniciativa para a paz".

Depois de brandir um exemplar do Corão e de falar extensamente sobre "os valores inerentes à humanidade" nele consagrados, sublinhando que "proíbe todas as formas de violência entre seres humanos", o chefe de Estado iraniano frisou que "os seus valores nunca arderão, prevalecerão sempre".

"Os fogos do desrespeito nunca se sobreporão à verdade", sentenciou, referindo-se a protestos em países do norte da Europa (Suécia e Finlândia) em que foram incendiados exemplares do livro sagrado do Islão.

Condenou igualmente a "discriminação da comunidade islâmica" nos países ocidentais, com a proibição do uso nas escolas do 'hijab' (véu islâmico) e de 'abayas' (peça de vestuário que cobre o corpo feminino da cabeça aos pés), sustentando que "deveria fazer parte da agenda da ONU assegurar o respeito pela religião islâmica".

Depois, classificou como "um crime contra a humanidade" o "ataque à família" em curso no mundo ocidental, defendendo "a santidade do casamento entre um homem e uma mulher" e que as sociedades "devem afastar-se de invenções" e afirmando esperar que "a ONU dê proteção adequada ao conceito de família".

Ebrahim Raisi falou ainda do acordo nuclear do Irão de 2015, do qual os Estados Unidos se retiraram durante a Presidência de Donald Trump e cujas negociações para o ressuscitar não levaram até agora a bom porto, instando Washington a levantar todas as sanções impostas à República Islâmica e a encontrar "uma solução, seja o acordo existente ou outro".

Deixou, contudo, uma advertência: "O Irão nunca desistirá do seu direito inerente a ter um programa de energia nuclear".

E terminou o seu longo discurso, de mais de meia-hora, declarando sobre as potências ocidentais: "Elas representam o passado, nós (países islâmicos) somos o futuro".

Centenas de iranianos, a maioria apoiantes do grupo oposicionista Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI), concentraram-se hoje em frente à sede da ONU, em Nova Iorque, para protestar contra a presença de Ebrahim Raisi, na Assembleia Geral.

"Raisi é um assassino, abaixo Raisi", gritavam os manifestantes poucas horas antes do mandatário fazer o seu discurso na 78ª sessão da Assembleia Geral, que reúne esta semana dezenas de chefes de Estado e de Governo em Nova Iorque.

Rodeados por bandeiras do CNRI, os participantes entoaram gritos de protesto enquanto, em frente, num palco, membros da comunidade iraniana nos Estados Unidos condenavam o tratamento desigual das mulheres no Irão ou a repressão dos protestos que eclodiram há um ano, após a morte da jovem Mahsa Amini, e que deixaram pelo menos 500 mortos.

Leia Também: Lula da Silva discute cooperação com Presidente do Irão na África do Sul

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