Meteorologia

  • 12 MAIO 2024
Tempo
21º
MIN 14º MÁX 23º

Recorde de 38 crianças palestinianas mortas este ano na Cisjordânia

Pelo menos 38 crianças palestinianas morreram em ataques de forças de segurança israelitas na Cisjordânia este ano, o número mais elevado desde que há registos, denunciou esta segunda-feira a organização não-governamental (ONG) Save the Children.

Recorde de 38 crianças palestinianas mortas este ano na Cisjordânia
Notícias ao Minuto

15:36 - 18/09/23 por Lusa

Mundo ONG

A organização detalhou que "este recorde horrível" foi atingido no início deste mês, após a morte de dois jovens de 16 anos em dois incidentes separados, indicando que o número equivale a mais de uma criança palestiniana morta por semana.

Por outro lado, seis menores israelitas foram mortos até agora.

A ONG sublinhou que este é o segundo ano em que se regista um número recorde de crianças palestinianas mortas na Cisjordânia, o que reflete o agravamento da situação de segurança das crianças nos territórios palestinianos ocupados, num momento de recrudescimento da violência israelo-palestiniana.

Yousef, um rapaz entrevistado no ano passado pela Save the Children, está entre os mortos deste mês, segundo a organização, que recordou que o jovem rapaz comentou em 2022 que o seu sonho era "olhar para qualquer coisa no caminho para a escola, como pássaros e plantas".

"Quero ver as coisas que estou sempre a imaginar. Não quero cheirar a gás nem ver soldados por todo o lado. Não quero ter medo de sair à rua. Não quero que a minha mãe tenha medo que eu me magoe ou que ande pelas ruas à minha procura com medo que os soldados israelitas me tenham magoado", disse.

A Save the Children sublinhou que, para além destas mortes na Cisjordânia, seis crianças morreram na Faixa de Gaza, elevando o número total de vítimas mortais para 44, menos uma do que em todo o ano de 2022, quando duas crianças israelitas foram mortas.

O relatório especificou que cinco das crianças palestinianas mortas em 2023 tinham menos de 12 anos, enquanto três tinham menos de 08 anos, sendo a mais nova um menino de 02 anos. Em julho, quatro crianças foram mortas durante a operação militar israelita no campo de Jenin, a maior desde o fim da Segunda Intifada, há quase duas décadas.

Amina, uma jovem de 15 anos residente no campo durante a operação, disse que "de vez em quando" se senta num quarto e chora.

"Choro por causa de tudo o que nos aconteceu. Sonho todos os dias com o que aconteceu. Não durmo até ao amanhecer, até que seja claro para mim que eles não vão voltar para nos vir buscar", disse.

A mãe de Amina sublinhou que as suas filhas "já não são as mesmas".

"A minha filha de 7 anos recusa-se a sair de casa sozinha e, quando ouvem que os soldados estão a chegar ao campo, começam a chorar e querem ir embora", descreveu.

Por todas estas razões, o diretor da Save the Children para os territórios palestinianos ocupados, Jason Lee, denunciou uma "tendência alarmante".

"Estamos novamente perante o ano mais mortífero na Cisjordânia, a vários meses do final de 2023", alertou.

"Este ano foi marcado por um uso da força sem precedentes e por um número recorde de crianças mortas desde que há registos. A morte e a mutilação de crianças têm de acabar", sublinhou Lee, enquanto a ONG salientou a necessidade de pôr termo imediato ao uso excessivo da força pelas tropas israelitas contra as crianças palestinianas.

Por último, a organização pediu uma investigação independente e imediata do assassínio de crianças, bem como à sua responsabilização, e defendeu que, enquanto a "cultura da impunidade" se mantiver, os ciclos de violência continuarão, fazendo com que as crianças "continuem a pagar o preço com as suas vidas".

Leia Também: Israel acusado de forçar transferência de palestinianos da Cisjordânia

Recomendados para si

;
Campo obrigatório