"A Bulgária está a discutir uma resposta a estas provocações, tanto de forma independente como com os nossos aliados da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]", indicou o ministro da Defesa búlgaro, Todor Tagarev, ao canal de televisão pan-europeu Euractiv, especializado em política europeia.

A Rússia continua a declarar parte da zona económica búlgara no Mar Negro fechada à navegação até ao final de setembro devido aos exercícios militares em curso na área, lembrou Tagarev, considerando tratar-se de uma "provocação".

O Governo búlgaro afetou há uma semana cerca de 20 milhões de euros à aquisição de mísseis e torpedos para a marinha e manifestou também interesse em adquirir urgentemente mísseis RBS-15 para a Guarda Costeira, da empresa sueca Saab.

Questionado pelo Euractiv sobre se a Bulgária tinha desenvolvido cenários para o caso de um ataque russo a navios de carga que partem de portos ucranianos e atravessam as águas búlgaras ou a zona económica do Mar Negro, o ministro da Defesa búlgaro desdramatizou.

"De momento, não existe qualquer risco ou ameaça imediata de um ataque contra um navio mercante que navegue no mar territorial de um Estado membro da NATO. Estas águas estão sob a soberania de cada Estado costeiro e fazem parte do território do Estado. Um ataque no mar territorial pode ser visto como um ataque contra a República da Bulgária e a NATO como um todo", afirmou Tagarev.

O governante búlgaro acrescentou que as marinhas da Bulgária, Roménia e Turquia aumentaram a vigilância nas respetivas águas territoriais, continuando a realizar tarefas com as suas próprias forças e meios para garantir a segurança dos navios mercantes que atravessam o Mar Negro.

Tagarev sublinhou que as medidas adicionais para garantir a segurança da navegação nas zonas económicas "só podem ser fornecidas pela ação da NATO, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o direito marítimo internacional, coordenada com outros parceiros na região".

"A posição búlgara relativamente à segurança no Mar Negro sempre se baseou no princípio da solidariedade aliada, das ações aliadas e das garantias aliadas no âmbito da NATO. Ao tomar essa decisão, a Bulgária contribuirá de acordo com as suas capacidades", frisou.

Questionado sobre a possibilidade de coordenar as rotas dos navios de carga que transportam cereais através da zona económica búlgara no Mar Negro, o ministro búlgaro afirmou não haver qualquer razão legal para tal.

Segundo a lei búlgara sobre os espaços marítimos e as atuais normas jurídicas internacionais, os navios de todos os países, independentemente da bandeira da sua nacionalidade, gozam do direito de passagem pacífica pelo mar territorial de qualquer nação.

Leia Também: Bulgária levanta proibição de importação de cereais ucranianos