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Dezenas de famílias do bairro judaico em Marraquexe ainda estão nas ruas

Dezenas de famílias do bairro judaico, no centro histórico de Marraquexe, permanecem nas ruas desde a noite de sexta-feira, quando Marrocos foi atingido por um sismo, que destruiu ou danificou grande parte das habitações da 'Mellah'.

Dezenas de famílias do bairro judaico em Marraquexe ainda estão nas ruas
Notícias ao Minuto

17:40 - 13/09/23 por Lusa

Mundo Marrocos

Famílias inteiras, apenas com cobertores e escassos pertences, concentram-se na praça central do bairro judaico, rodeado de restaurantes e lojas, sob o olhar de um forte dispositivo policial.

Ao contrário de desalojados noutras regiões do país, que se abrigam em tendas, estas pessoas instalaram-se sob as arcadas e algumas prenderam uns panos para improvisar toldos, que as protegem do calor.  

Fatiha vive "há seis dias" com as quatro filhas e o marido na rua. "A casa ficou destruída, não podemos voltar", descreveu à Lusa.

Até quando ficará na rua? Não sabe, ninguém tem resposta para isso, confidenciou perante a pergunta.

Ayoube dormia quando o sismo atingiu o país, em particular a região de Marraquexe, às 23:11 (mesma hora em Lisboa) de sexta-feira. Levantou-se e o teto desabou sobre ele, atingindo a nuca e o nariz.

O homem tem ainda a cabeça amarrada com ligaduras, uma tala no nariz e usa um colar cervical.

O homem, a mulher e dois filhos, de três e seis anos???????, estão a viver na rua.

"O Governo não está a ajudar as pessoas", lamentou.

Umas portas à frente, uma idosa mostra o teto, completamente rachado e a ameaçar ruir, da divisão única da sua casa, um cenário semelhante a tantas outras habitações, onde se tornou perigoso permanecer.

Hoje de manhã, já eram visíveis alguns andaimes para obras de estabilização dos edifícios. No caso de habitações que ruíram por completo, retroescavadoras removiam escombros.

Jamila, 66 anos, vivia com mais oito pessoas numa casa perto da sinagoga Slat Lazama, que também alberga o museu judaico. "Estamos todos na rua, agora", disse.

A sinagoga, construída em 1492, com um pátio ao estilo de um 'riad' marroquino e revestido a azulejos azuis e brancos, também não escapou aos efeitos do sismo. As paredes exibem grandes fissuras. No primeiro andar, ainda se veem pedaços de estuque que caíram das paredes e do teto.

Dos cerca de 35 mil judeus que habitavam na 'Mellah' antes da década de 1960, restam hoje 120 pessoas, de cinco famílias - a grande maioria emigrou para o Estado de Israel. Duas famílias judaicas ficaram desalojadas no sismo, mas foram recolhidas pela comunidade.

Junto ao bairro, encontra-se o cemitério judaico, o maior de Marrocos, construído em 1557, e onde parte de um muro ruiu.

No centro do bairro, junto ao 'souk' (mercado) de especiarias, um largo cheio de lojas está hoje quase vazio: apenas dois ou três comerciantes, de várias dezenas, abriram portas.

O sismo que atingiu Marrocos a 08 de setembro provocou danos generalizados na região de Marraquexe.

O último balanço provisório do Governo marroquino dá conta de quase 3.000 mortos, enquanto o número oficial de feridos ainda não parou de aumentar, sendo que hoje de manhã já alcançava os 5.500.

O tremor de terra, cujo epicentro se registou na localidade de Ighil, 63 quilómetros a sudoeste da cidade de Marraquexe, foi sentido em Portugal e Espanha, tendo atingido uma magnitude de 7,0 na escala de Richter, segundo o Instituto Nacional de Geofísica de Marrocos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma magnitude de 6,8.

Este sismo é o mais mortífero em Marrocos desde aquele que destruiu Agadir, na costa oeste do país, em 29 de fevereiro de 1960, causando entre 12.000 e 15.000 mortos, um terço da população da cidade.

Leia Também: Marrocos. Necessidades básicas cobertas mas há problemas de longo prazo

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