Exército de Taiwan aprende com guerra na Europa a enfrentar China

O primeiro relatório sobre Defesa elaborado por Taiwan desde o início da invasão russa da Ucrânia indicou que o Exército da ilha está a aprender com a guerra na Europa e a "reforçar capacidades de guerra assimétrica".

taiwan flag, bandeira

© Getty Images

Lusa
12/09/2023 11:27 ‧ 12/09/2023 por Lusa

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Taiwan

No relatório observou-se ainda que a China, que reclama Taiwan como uma província sua, "está a implantar uma guerra híbrida para atacar [a ilha] através de coerção militar" e ameaças "não tradicionais", como ataques "cibernéticos e cognitivos".

"O recente conflito na Ucrânia ensinou-nos que um regime totalitário pode ignorar as regras internacionais e iniciar uma invasão em prol dos seus próprios interesses ou posições políticas", alerta-se no texto.

As forças de Taiwan mantêm a sua orientação estratégica de "defesa e dissuasão resolutas" e que continuam a "fortalecer as suas capacidades de guerra assimétrica".

Capacidades de combate assimétrico incluem o uso de sistemas de armas menores ou não convencionais, que são estrategicamente implantadas contra um inimigo muito maior. Este modelo tem sido usado na resistência e contraofensivas ucranianas.

A guerra simétrica, que continua a dominar a política de defesa de Taiwan, envolve o uso de armas maiores, como caças, sistemas de mísseis de longo alcance e embarcações navais.

Seguindo o exemplo da Ucrânia, Taiwan também está a "melhorar a sua capacidade global de defesa", através da reforma do seu sistema reservista e publicação de um manual de defesa civil, lê-se no relatório.

No mês passado, o governo da ilha propôs aumentar os gastos com a defesa em 3,5%, para atingir 606,8 mil milhões de dólares taiwaneses (17,41 mil milhões de euros) ou cerca de 2,5% do PIB (produto interno bruto) de Taiwan, em 2024. Seria o maior orçamento de Defesa de sempre do território.

Face à escalada das tensões com a China, o serviço militar obrigatório foi também alargado de quatro meses para um ano, em março passado.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.

A China tem enviado navios de guerra, bombardeiros, aviões de combate e aviões de apoio para o espaço aéreo perto de Taiwan quase diariamente, na esperança de esgotar os limitados recursos de defesa da ilha e reduzir o apoio à líder pró - independência do território, Tsai Ing-wen.

Taiwan vai realizar eleições presidenciais no próximo ano, mas a aproximação entre Pequim e o Partido Nacionalista do território, pró - unificação, não conseguiram encontrar ressonância entre os eleitores taiwaneses, que nas últimas duas eleições deram a vitória ao Partido Democrático Progressista, que defende a independência do território.

Taiwan tem respondido às ameaças da China através da compra de mais armamento defensivo aos Estados Unidos e do estabelecimento de laços oficiosos com outros países, aproveitando as suas indústrias de alta tecnologia e sistema democrático.

Em entrevista à Lusa, o almirante Lee Hsi-ming, ex-vice-ministro da Defesa de Taiwan, defendeu a mobilização e treino da população taiwanesa, para resistir a uma "iminente" invasão chinesa através de táticas de guerra assimétrica.

"Temos que nos libertar do pensamento convencional em matéria de Defesa", frisou Lee Hsi-ming, que é também investigador no Project 2049 Institute, grupo de reflexão com sede em Washington, destacando que a ilha, de quase 24 milhões de habitantes, deve manter "prontidão de combate", face a um conflito que considerou iminente.

Lee defendeu o fornecimento de drones (veículos aéreos não tripulados), foguetes antitanque, granadas e outras armas pequenas à sociedade de Taiwan, junto com treino militar, para resistir a uma potencial ofensiva por parte da China.

Leia Também: Taiwan diz ter avistado dezenas de aviões e navios de guerra chineses

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