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Envio de armas à Rússia? Não há "evidências", defende África do Sul

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que um inquérito independente concluiu que as alegações dos Estados Unidos sobre o envio de armas e munições para a Rússia para a guerra na Ucrânia são infundadas.

Envio de armas à Rússia? Não há "evidências", defende África do Sul
Notícias ao Minuto

13:13 - 04/09/23 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"Na sua investigação, o painel não encontrou evidência de que qualquer quantidade de armas tenha sido carregada para exportação no navio Lady R", afirmou o líder sul-africano ao anunciar os resultados de um inquérito público sobre o caso do alegado armamento a bordo do navio russo Lady R que atracou no país africano há cerca de oito meses.

"O painel [de investigação] concluiu que não havia provas que apoiassem a alegação de que o navio transportava armas da África do Sul com destino à Rússia", sublinhou.

Em maio, o embaixador dos Estados Unidos (EUA) na África do Sul, Reuben Brigety, alegou publicamente que Pretória tinha carregado armas e munições no navio russo Lady R, que atracou na base naval de Simonstown, próximo da Cidade do Cabo, em dezembro de 2022.

As acusações do representante diplomático de Washington em Pretória, a capital do país, desencadearam uma crise diplomática com a África do Sul, provocando a desvalorização da moeda nacional sul-africana, o rand, e um possível cancelamento da reunião anual dos chefes de Estado e de Governo dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) no país africano, o que acabou por não acontecer.

Na altura, as alegações do embaixador norte-americano colocaram também o foco na insistência da África do Sul em se manter "não-alinhada" com os países da Europa e do Ocidente que prestam apoio militar a Kiev como resposta à guerra da Rússia na Ucrânia, optando por encetar esforços diplomáticos de paz para a resolução do conflito.

"As alegações levantadas contra o nosso país tiveram um efeito prejudicial na nossa moeda, na economia e na nossa posição no mundo", considerou o presidente sul-africano numa comunicação ao país na noite deste domingo.

Ramaphosa divulgou poucos detalhes das conclusões da investigação às acusações de Washington, afirmado que o painel liderado pelo juiz reformado, Phineas Mojapelo, visitou a base naval de Simonstwon, situada na província do Cabo Ocidental, sudeste do país, onde "obteve provas sob juramento de cerca de 50 pessoas em todos os setores relevantes do Governo, e mais de 100 documentos foram submetidos ao painel para análise".

"Várias entidades e pessoas que afirmaram publicamente terem informações sobre este assunto foram convidadas a depor perante o painel. Muitos dos convidados não o fizeram ou afirmaram não ter conhecimento independente dos factos relevantes", adiantou.

O Presidente Ramaphosa referiu ainda que o navio russo atracou na base naval sul-africana para descarregar equipamento militar destinado à Força de Defesa Nacional Sul-Africana (SANDF, na sigla em inglês).

"O painel estabeleceu que o navio atracou em Simonstown para entregar equipamento que tinha sido encomendado para a Força de Defesa Nacional da África do Sul em 2018 pela empresa de aquisição de armamento ARMSCOR, do nosso país", explicou.

"Nos termos do contrato de fornecimento das armas, nem a Armscor nem a Força de Defesa Nacional Sul-Africana tinham qualquer controlo sobre os meios através dos quais o fornecedor do equipamento encomendado as transportaria para a África do Sul", frisou o líder sul-africano.

Todavia, Ramaphosa salientou que não divulgaria o relatório completo da investigação do painel independente às alegações norte-americanas por motivos de segurança nacional.

"Dado que as provas apresentadas ao painel foram confidenciais e que a revelação dos detalhes do equipamento descarregado poderia pôr em risco o trabalho e a segurança das forças da África do Sul em vários destacamentos no continente, decidi não divulgar o relatório", sublinhou.

"Revelar os detalhes dos equipamentos descarregados comprometeria importantes operações militares e colocaria em risco a vida dos nossos soldados. Nestas circunstâncias, quando vidas estariam em risco devido à revelação do tipo de equipamento utilizado pelas nossas forças armadas, a necessidade de confidencialidade é necessária e justificada", vincou.

"O painel entregou-me um resumo executivo do relatório, que decidi divulgar publicamente", afirmou Ramaphosa.

Em maio, ao assinalar o Dia de África, o Presidente da República da África do Sul afirmou também que os países ocidentais ameaçaram com sanções os Estados africanos que não se alinharam contra a Rússia na guerra na Ucrânia.

"Alguns países, inclusive o nosso, estão a ser ameaçados com sanções por seguirem uma política externa independente e por adotarem uma posição de não-alinhamento", referiu Ramaphosa.

O embaixador dos EUA em Pretória, Reuben Brigety, não divulgou publicamente as provas do alegado fornecimento sul-africano de armas e munições à Rússia para a guerra na Ucrânia.

No mês passado, o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, decidiu não comparecer à 15ª Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul), em Joanesburgo, devido ao mandado de prisão emitido em março pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, nos Países Baixos, por alegados crimes de guerra na Ucrânia, e do qual a África do Sul é signatária.

A invasão da Ucrânia pela Rússia tem sido condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

CYH // VM

Lusa/Fim

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