O representante da ONU no Iémen, Hans Grundberg, apresentou hoje o seu relatório ao Conselho de Segurança, alertando, sem fazer acusações específicas, para "as ameaças públicas de um regresso à guerra" que devastou o Iémen.
O Iémen, o país mais pobre da Península Arábica, viu a sua economia entrar em colapso devido aos oito anos de guerra entre rebeldes houthis, próximos ao Irão, e o governo, apoiado desde 2015 por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita.
O conflito causou centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, com todas as partes, incluindo a Arábia Saudita, a serem acusadas por especialistas da ONU de cometerem crimes de guerra.
No entanto, a violência diminuiu de forma acentuada desde uma trégua negociada pela ONU em abril de 2022, que expirou em outubro, mas que ainda é relativamente respeitada.
Grundberg apelou também às partes que "evitem qualquer retórica de escalada e continuem a utilizar os canais de diálogo estabelecidos desde a trégua, através de uma comissão de coordenação militar para reduzir os incidentes" armados.
"Esta retórica não favorece a manutenção de um clima frutífero de mediação", alertou o diplomata perante os 15 Estados-membros do Conselho de Segurança e representantes do governo do Iémen e da Arábia Saudita.
A embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward, foi mais explícita e exortou os rebeldes houthis a cessar os ataques e ameaças contínuas para impedir as exportações de petróleo de áreas controladas pelo governo que estão a afetar seriamente a economia do país.
Por sua vez, os Estados Unidos, através da sua embaixadora nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, saudaram o anúncio feito em 01 de agosto pela Arábia Saudita, de um apoio de 1.200 milhões de dólares em ajuda ao governo do Iémen reconhecido internacionalmente.
"Mas é necessário mais atenção e apoio financeiro para enfrentar a crise económica e humanitária do Iémen", alertou.
Linda Thomas-Greenfield, que condenou ainda "ataques insensatos de Houthi a navios que estão exacerbando a crise humanitária", pediu "um acordo político duradouro incluindo todas as partes para aliviar o sofrimento do povo iemenita".
Leia Também: ONU denuncia aumento de massacres e de grupos armados na Colômbia