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Chefe de gabinete presidencial presa em Londres. Terá pedido subornos

A chefe de gabinete do Presidente de Madagáscar, Romy Andrianarisoa, e um francês descrito como seu associado foram presos no Reino Unido por suspeita de pedir suborno para a concessão de licenças de operação ao grupo mineiro britânico Gemfields.

Chefe de gabinete presidencial presa em Londres. Terá pedido subornos
Notícias ao Minuto

20:38 - 14/08/23 por Lusa

Mundo Madagáscar

Andrianarisoa, de 46 anos, e Philippe Tabuteau, de 54, foram presos em Londres na quinta-feira, informou a Agência Anticrime Britânica (NCA) em comunicado hoje divulgado.

A empresa tinha manifestado as suas preocupações às autoridades britânicas e os dois suspeitos foram detidos no distrito de Victoria "durante uma reunião onde são suspeitos de terem tentado solicitar" quantias que totalizam 250.000 francos suíços (260.000 euros) "e uma participação de 5% no capital", acrescenta a nota da NCA.

Segundo o Financial Times, que revelou a informação na noite de domingo, este pedido foi para a participação em todos os projetos no país africano da Gemfields, que detém a Oriental Mining em Madagáscar desde 2008.

Andrianarisoa e Tabuteau compareceram perante um tribunal britânico no sábado, que ordenou que continuassem detidos até audiência em 08 de setembro no Southwark Crown Court. Cada um pode ser condenado até 10 anos de prisão.

"Sou grato à Gemfields por trazer este assunto à nossa atenção e pela sua cooperação contínua com a investigação", disse Andy Kelly, chefe da unidade de corrupção internacional da agência criminal do Reino Unido, segundo o comunicado.

Contactada pela agência France-Presse, a Gemfields não respondeu.

A presidência de Madagáscar anunciou hoje, por sua vez, que "tendo em vista a situação", Andrianarisoa está "dispensada das suas funções com efeito imediato".

A colaboradora do chefe de Estado, Andry Rajoelina, estava oficialmente de licença desde a semana passada, informou a presidência em comunicado, acrescentando que "as autoridades de Madagáscar não sabem os motivos da sua viagem ao Reino Unido".

O caso estourou menos de três meses antes da primeira volta das eleições presidenciais no país, marcadas para 09 de novembro na grande ilha do oceano Índico. Rajoelina, cuja dupla nacionalidade, francesa e malgaxe, foi recentemente objeto de controvérsia, ainda não anunciou oficialmente a sua candidatura.

"Este caso é apenas um exemplo da corrupção extrema que assola o nosso país em detrimento de todo o povo malgaxe. Andry Rajoelina deve sair, para o bem do meu país", disse Siteny Randrianasoloniaiko, um dos principais opositores de Rajoelina.

O país está classificado em 142.º lugar entre 180 no 'ranking' de perceção de corrupção da Transparência Internacional.

A organização não-governamental convocou no mês passado os candidatos presidenciais a se empenharem na luta contra "a natureza generalizada das ramificações da corrupção em Madagáscar e a intensidade da proteção política e judicial que os cerca, fomentando a impunidade".

Madagáscar viveu em 2018, poucos meses antes das eleições presidenciais anteriores, uma crise política provocada pela adoção de controversas leis eleitorais, que levaram nomeadamente à condenação de 79 deputados suspeitos de terem recebido subornos.

A justiça do país também anunciou em novembro a abertura de uma investigação sobre o comércio de líchia, do qual o país é um grande produtor, após uma denúncia da Transparência Internacional sobre suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.

A Gemfields, também proprietária da joalharia Fabergé, explora uma mina de esmeraldas na Zâmbia e de rubis em Moçambique. Em Madagáscar, o grupo detém concessões, mas não possui fábricas atualmente em operação.

De acordo com o mais recente relatório anual da Gemfields, a Oriental Mining detém "várias concessões para uma gama de minerais, incluindo esmeralda e safira", e planeia retomar este ano os procedimentos para obter licenças adicionais no país, após atrasos relacionados com a pandemia de covid-19.

Leia Também: Covid. Moçambique lança inquérito para avaliar imunidade após vacinação

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