Seis anos de prisão na Rússia para ativista ambiental por criticar guerra
Um tribunal da região de Moscovo condenou hoje um músico e ativista ambiental a seis anos de prisão por publicar nas redes sociais três mensagens criticando ataques russos na Ucrânia.

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Mundo Rússia/Ucrânia
Alexander Bakhtin, de 51 anos e morador do subúrbio moscovita de Mytishchi, foi preso em março de 2023 e acusado de espalhar "informações falsas" sobre o exército russo, uma acusação regularmente usada para silenciar vozes dissonantes da versão oficial das autoridades sobre o conflito na Ucrânia, desencadeado pela invasão russa de 24 de fevereiro de 2022.
"Alexander foi condenado a seis anos de prisão e está proibido de administrar sites por três anos", disse à AFP Andrei Shchetinin, um dos seus amigos presentes na audiência.
Bakhtin também será obrigado a consultar um psiquiatra durante sua detenção numa colónia penal, de acordo com o veredito, que também foi confirmado pela ONG russa especializada OVD-Info.
Em março e abril de 2022, Bakhtin havia publicado três mensagens na rede social russa VKontakte denunciando a campanha militar na Ucrânia - oficialmente designada por "operação militar especial" - evocando vítimas civis e implicando diretamente o Presidente Vladimir Putin.
Pouco antes da declaração do veredito, a procuradoria pediu oito anos de prisão para Bakhtin.
Após o anúncio do veredicto, Alexander Bakhtin gritou para a juiza: "Maldita seja, [Maria] Loktionova!", segundo testemunhas ouvidas pela AFP.
Segundo a ONG russa OVD-Info, mais de 20.000 pessoas foram presas na Rússia em ações de protesto contra o conflito na Ucrânia e centenas de outras foram alvo de processos legais.
Também esta semana, o escritor de ficção científica russo Dmitry Glukhovski, de 44 anos, foi condenado a oito anos de prisão, à revelia, por questionar nas redes sociais a invasão da Rússia na Ucrânia.
O autor do 'best-seller' "Metro 2033", que inspirou um videojogo popular, foi considerado culpado de espalhar informações falsas sobre os militares russos, de acordo com a agência de notícias russa Tass.
Glukhovski, que vive fora da Rússia, já tinha sido descrito por Moscovo como um "agente estrangeiro".
"Como há um ano, estou absolutamente convencido de que esta guerra é tão ruinosa para a Rússia e para o nosso povo quanto é assassina e destrutiva para um país que amo: a Ucrânia", escreveu Dmitry Glukhovski em fevereiro, por ocasião da passagem do primeiro ano desde o início do conflito.
O escritor também manifestou repetidamente o seu apoio ao principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, condenado na semana passada a mais 19 anos de prisão por extremismo, após um julgamento à porta fechada.
Já antes condenado a nove anos de prisão, Navalny, de 47 anos, deverá cumprir a sua pena num estabelecimento prisional de "regime especial", ou seja, uma das penitenciárias de mais sinistra reputação da Rússia, habitualmente reservadas aos criminosos mais perigosos e aos condenados a prisão perpétua.
No início do mês, a justiça russa condenou dois cidadãos por atividades de apoio à Ucrânia, incluindo mensagens a denunciar a ofensiva militar contra o país vizinho.
Num primeiro caso, o tribunal do distrito de Lomonossov (na região de Leninegrado, noroeste) condenou Dmitri Skourikhine, um empresário, a um ano e meio de prisão por ter repetidamente "desacreditado" o exército russo.
Pai de cinco filhas, Skourikhine adotou "uma posição oposicionista e anti-guerra coerente e intransigente durante muitos anos e foi sujeito a pressões e repressão por esse facto", comentou a organização não-governamental Memorial, que o considera um "preso político".
No segundo caso, o tribunal regional da região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, condenou um jovem de 19 anos a seis anos de prisão por "traição".
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