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Escritora e ativista italiana Michela Murgia morre aos 51 anos

A escritora Michela Murgia, considerada uma das mais proeminentes intelectuais, feministas e ativistas dos direitos civis de Itália, morreu na quinta-feira, aos 51 anos, vítima de um cancro que ela própria anunciou publicamente em maio.

Escritora e ativista italiana Michela Murgia morre aos 51 anos
Notícias ao Minuto

10:25 - 11/08/23 por Lusa

Cultura Michela Murgia

"Adeus Michela", escreveu a editora Mondadori nas redes sociais, ao lado de uma fotografia da escritora sorridente, uma das muitas manifestações de afeto e homenagens que se seguiram nas últimas horas por parte de amigos e fãs.

Murgia, conhecida pelo talento literário e pelas muitas lutas cívicas, foi vítima de um cancro nos rins que era irreversível quando lhe foi diagnosticado.

"Não se pode voltar atrás a partir da quarta fase", disse ao jornal Corriere della Sera em maio, explicando que tinha meses de vida, segundo a agência espanhola EFE.

Em meados de julho, anunciou o casamento civil com o ator e realizador Lorenzo Terenzi para garantir os direitos do companheiro e daquilo a que chamou a sua "família queer", constituída pelos amigos e "filhos da alma".

De origem católica, Murgia nasceu na Sardenha, em 1972, e foi escritora, dramaturga, ensaísta e colunista, embora tenha trabalhado anteriormente como professora de religião e diretora de uma central termoelétrica, entre outros empregos.

Em 2014, concorreu à presidência da região natal, sem sucesso.

A carreira literária começou em 2006, com a publicação do romance "Il mondo deve sapere", uma história tragicómica sobre o mundo das 'call shops' (serviço de acesso a chamadas de longa distância para países que não o têm).

O livro começou como um blogue e acabou por inspirar uma peça de teatro com o mesmo nome e o filme "Tutta la vita davanti", em 2008.

"Viaggio in Sardegna" surgiu em 2008, dois anos antes de "Acabadora", uma peça de teatro sobre a eutanásia e a adoção na década de 1950 que lhe valeu o reconhecimento do público e da crítica e vários prémios.

Seguiu-se "Ave Maria", uma reflexão sobre a mulher e a Igreja (2011), "L'incontro" (2012), o pequeno ensaio sobre o feminicídio "L'ho uccisa perché l'amavo. Falso!" (2013), "Chiru" (2015) e "Futuro interiore" (2016).

À medida que a carreira literária foi crescendo, Murgia tornou-se uma voz importante na cultura italiana, dando forma a uma visão diferente para promover a igualdade de género ou a luta contra o fascismo.

Numa entrevista à EFE, afirmou que o fascismo vence "quando consegue pôr as suas palavras" na boca de cada um, "não quando chega ao governo".

Ao anunciar a doença, disse: "Só espero morrer quando Giorgia Meloni deixar de ser primeira-ministra, porque o seu governo é fascista".

Em 2022, escreveu "God Save the Queer", um ensaio sobre um dos temas que mais a tocaram nos últimos anos de vida.

Foi quando deu a conhecer a "família queer", constituída pelas pessoas mais próximas e com quem partilhava uma casa nos arredores de Roma, onde casou com Terenzi.

Uma delas foi o escritor Roberto Saviano, que se despediu dela nas redes sociais com uma mensagem emocionada ao lado de uma foto sorridente de Murgia: "Mas o meu amor não morre".

De acordo com o catálogo da Biblioteca Nacional, Murgia teve uma obra editada em Portugal, "Acabadora" (Bertrand, 2012), lançada no original em 2009 e com a qual a escritora venceu múltiplos prémios literários, como o Dessì, o Campiello e o SuperMondello.

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