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Geórgia denuncia "agressor russo" nos 15 anos da guerra de 2008

O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Garibashvili, denunciou hoje o "agressor russo" e desejou o "fim da ocupação" de duas regiões georgianas, mas também responsabilizou o ex-Presidente Mikheil Saakachvili de provocar a guerra na Ossétia do Sul em 2008.

Geórgia denuncia "agressor russo" nos 15 anos da guerra de 2008
Notícias ao Minuto

15:19 - 08/08/23 por Lusa

Mundo Geórgia

"Sabíamos há muito tempo que a Rússia era um agressor, sabemos isso e todo o mundo o sabe", disse Garibashvili, em declarações aos 'media' nas celebrações do 15.º aniversário da guerra.

No decurso de uma visita ao cemitério de Mujatgverdi, na capital do país, Tbilissi, Irakli Garibashvili acusou o ex-Presidente Saakachvili de provocar a guerra na Ossétia do Sul em 2008 que desencadeou a intervenção militar russa e o reconhecimento por parte de Moscovo daquela região separatista e de outro território separatista, Abkházia.

"Naturalmente esta desgraça, esta tragédia, esta guerra, ocorreu durante a liderança das anteriores autoridades. Não fizeram nada para evitar esta guerra", denunciou o governante nas declarações no cemitério, onde estão enterrados os militares mortos no conflito de 2008.

Também presente no cemitério, a Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, também advogou pelo "combate contra o inimigo comum" e o fim das disputas internas no país.

"Temos um inimigo que por vezes faz a guerra, por vezes usa o seu poder de forma impercetível. Se queremos a independência pela qual lutou esta gente que aqui descansa, se queremos um Estado, devermos ver qual é a nossa ameaça comum", disse.

O primeiro-ministro frisou ainda que os militares georgianos "deram grandes provas de heroísmo e abnegação", mas a Geórgia "também viu as ações vergonhosas do comandante supremo", numa referência a Saakachvili, e recordando as imagens do ex-chefe de Estado a morder a gravata e outras que "denunciavam" a sua cobardia.

Saakachvili, que entretanto obteve dupla nacionalidade georgiana e ucraniana -- chegando a ser designado em 2015 governador de Odessa pelo ex-chefe de Estado ucraniano Petro Poroshenko -- está atualmente detido numa prisão georgiana.

Ainda hoje, e por ocasião do 15.º aniversário do conflito, o chefe do Governo georgiano afirmou numa mensagem difundida na rede social Facebook que Tbilissi "mantém o seu apego à via pacífica para o restabelecimento da integridade territorial e a reunificação do país".

"Move-nos a fé inamovível de que uma Geórgia pacífica, unida, forte, desenvolvida, é a melhor perspetiva para os georgianos, os ossetas, os abkhazes, todos os povos que habitam a nossa terra, e fazemos tudo para que esse objetivo se converta em realidade o mais depressa possível", acrescentou Garibashvili.

Em 09 de agosto de 2008, as tropas georgianas entraram na pequena Ossétia do Sul, com apenas 30.000 habitantes, com o objetivo de restabelecer o controlo sobre a região separatista rebelde e com o argumento da necessidade de atuar rapidamente alegando que Moscovo se preparava para ocupar militarmente o território.

Este ataque de surpresa provocou pelo menos 12 mortos entre as forças de manutenção da paz da Comunidade e Estados Independentes (CEI) -- uma organização intergovernamental que integra nove das 15 ex-repúblicas soviéticas com predomínio russo -- e cerca de 1.600 vítimas civis.

A Rússia respondeu com ataques aéreos contra objetivos militares georgianos em território do país do Cáucaso e deslocou tropas para a Ossétia do Sul, uma operação que o Kremlin (Presidência russa) designou de "imposição da paz" e que implicou novas deslocações de populações, em particular de origem georgiana.

As tropas russas também penetraram em território da Geórgia a partir da Ossétia do Sul e da Abkházia e os seus tanques chegaram à cidade de Gori, a apenas 75 quilómetros de Tbilissi, antes de se retirarem por completo da antiga república soviética.

Posteriormente, o Kremlin reconheceu a independência da Abkházia e da Ossétia do Sul, uma decisão também seguida pela Venezuela, Nicarágua, Naru e Síria, mas condenada maioritariamente nas instâncias internacionais.

Em consequência, Tbilissi rompeu as relações diplomáticas com Moscovo e continua a não reconhecer a independência dos dois territórios, contando com o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia (UE).

A Geórgia perdeu 412 pessoas na guerra, incluindo 170 soldados e funcionários do Ministério do Interior, enquanto, no total, a Rússia registou 67 baixas entre os seus militares.

Um acordo de paz implicou a retirada das tropas russas, mas o reconhecimento por Moscovo das independências das duas repúblicas separatistas implicou o envio de novos contingentes militares como medida de prevenção.

O atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, que em 2008 ocupava a Presidência da Rússia, defendeu a decisão de intervir para "proteger contra o inimigo" a população da Ossétia do Sul e da Abkházia, na maioria com passaporte russo.

"Em cinco dias, as nossas Forças Armadas puniram rapidamente e severamente os nacionalistas arrogantes", escreveu hoje na plataforma Telegram.

O representante russo criticou ainda o Ocidente pelo apoio a Mikheil Saakachvili, ao estabelecer paralelos entre a guerra relâmpago com a Geórgia e a operação militar russa na Ucrânia.

"À semelhança de agosto de 2008, os nossos inimigos serão esmagados e a Rússia obterá a paz pelas suas próprias condições", assegurou Medvedev.

Na noite de segunda-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, exprimiu a solidariedade de Kiev para com a Geórgia face ao "agressor" russo.

"Os ucranianos estão solidários com o povo da Geórgia e agradeço a todos os cidadãos georgianos que defendem a liberdade connosco", disse o chefe de Estado ucraniano na sua habitual mensagem noturna ao país.

Leia Também: UE reafirma apoio à Geórgia 15 anos após guerra com a Rússia

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