A investigação, lançada pelo procurador da capital da região da Úmbria, Raffaele Cantone, foca-se em múltiplos acessos à base de dados 'SOS' da DNA, que contém relatórios de transações suspeitas enviadas por entidades bancárias ao Banco de Itália e remetidos por este aos investigadores, por parte de um agente da 'Guardia di Finanza', a polícia que investiga crimes económicos, que trabalha na direção anti-máfia.
De acordo com a Procuradoria de Perúgia, o militar em causa, entretanto suspenso de funções por acesso abusivo ao sistema informático, descarregou, sem autorização, pelo menos uma centena de documentos confidenciais relativos a políticos, jornalistas e empresários, entre outras personalidades de relevo.
O militar admite os factos, mas nega quaisquer irregularidades, alegando que "as consultas ao sistema eram feitas regularmente a partir do seu gabinete por razões de serviço".
Este caso teve início já no outono de 2022, na sequência de uma denúncia do então recém-nomeado ministro da Defesa, Guido Crosetto, depois de o jornal Domani ter publicado um artigo a revelar que, entre 2018 e 2021, este havia recebido quase 2 milhões de euros de remuneração da empresa de armamento Leonardo, o que, de acordo com a publicação, constituía um conflito de interesses.
Crosetto, uma figura muito próxima da primeira-ministra Giorgia Meloni, negou qualquer conflito de interesses e apresentou uma queixa ao Ministério Público de Roma, posteriormente transferida para Perúgia.
Este não foi o primeiro caso de fuga de informação, já que, em 2020, informação confidencial da DNA a envolver várias figuras políticas, entre as quais os antigos primeiros-ministros Matteo Renzi e Giuseppe Conte, acabou publicada na imprensa.
Contudo, os investigadores encontraram nos registos centenas de descargas do gabinete de ADN, apontando que apenas uma pequena parte foi publicada nos meios de comunicação social.
Segundo o jornal La Repubblica, sob a alçada do Ministério Público da Úmbria, poderá existir um potencial de chantagem sobre personalidades, representantes de instituições, e não só, razão pela qual o procurador nacional anti-máfia, Giovanni Melillo, já anunciou a intenção de reorganizar o setor para prevenir comportamentos criminosos e abusivos dentro da DNA.
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