"Não há dúvida de que está imerso na conduta de enriquecimento ilícito de um funcionário público", disse Mario Burgos, o primeiro procurador delegado ao Tribunal Superior de Bogotá, sobre o filho do chefe de Estado colombiano.
O procurador questionou hoje os gastos e rendimentos de Petro Burgos, detido no passado sábado em Barranquilla juntamente com a ex-mulher, Daysuris Vásquez, pelo possível crime de branqueamento de capitais e enriquecimento ilícito.
Segundo o procurador, Petro Burgos, que é deputado na Assembleia do Departamento do Atlântico, teve um rendimento de 220 milhões de pesos (quase 50 mil euros) nos últimos dois anos, mas gastou 1.600 milhões de pesos (quase 365.000 euros).
O procurador analisou todas as contas bancárias de Nicolás Petro e os respetivos saldos, questionando a quantidade de dinheiro que acumulou e considerando que a sua única fonte de rendimento era como funcionário público (deputado regional), que tem um salário de "13 milhões de pesos por mês (2.920 euros)".
Para justificar as despesas mensais, o detido teria de ganhar cerca de 200 milhões de pesos (quase 46.000 euros) por mês, segundo os cálculos apresentados pelo procurador.
O filho do Presidente colombiano foi detido no âmbito de uma investigação iniciada em março passado pelo Ministério Público, depois de a sua ex-mulher, também detida, ter revelado à imprensa que Nicolás Petro recebeu dinheiro ilegal para a campanha do pai, que acabou por nunca chegar ao seu destino, uma vez que o utilizou para aumentar as contas bancárias pessoais.
"Só tinha 280 milhões de pesos [cerca de 63.900 euros] para 2022 [com o salário de deputado] e, apesar disso, levantou 600 milhões de pesos [cerca de 136.800 euros] em dinheiro para comprar uma casa", acrescentou o procurador na primeira parte da audiência, centrada no eventual crime de enriquecimento ilícito, deixando para mais tarde o branqueamento de capitais.
O procurador também fez um relato pormenorizado das despesas do filho do Presidente Petro nos últimos anos, como compras de casas, pagamentos de aluguer, compra de veículos e produtos de marca.
"Você não tem - e foi demonstrado - nenhuma outra atividade económica que gere renda; nas declarações de impostos de rendimento apresentadas nos anos de 2020 e 2021, você apenas declarou que tem renda do seu trabalho como deputado", acrescentou Burgos.
Na opinião do procurador, conclui-se que o património de Petro Burgos "não é o resultado ou fruto do seu trabalho, mas sim de rendimentos clandestinos e irregulares constantes desde 2021 até ao final de 2022".
Relativamente à ex-mulher, o procurador defendeu que Daysuris Vasquez "escondeu, administrou e guardou os bens de enriquecimento ilícito para os branquear", razão pela qual foi também detida pelos crimes de branqueamento de capitais e violação de dados pessoais.
Leia Também: Juiz confirma detenção de filho do presidente colombiano