Procurar

Joanna tomou uma pílula abortiva na Polónia. Foi "humilhada" pela polícia

Na Polónia, é legal a autoadministração de pílulas, mas ajudar outra pessoa a abortar já não. A violência policial para com a utente desencadeou uma onda de protestos em várias cidades.

Joanna tomou uma pílula abortiva na Polónia. Foi "humilhada" pela polícia Joanna tomou uma pílula abortiva na Polónia. Foi "humilhada" pela polícia
Anterior Seguinte
Galeria

12 Fotos

© Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
26/07/2023 10:30 ‧ há 2 anos por Márcia Guímaro Rodrigues

Joanna, uma mulher polaca, foi internada no serviço de urgência do Hospital Militar de Cracóvia, na Polónia, no final de abril após sentir-se mal física e psicologicamente por ter tomado uma pílula abortiva. Antes de ingressar na unidade hospitalar, ligou ao seu médico, que, por sua vez, alertou as autoridades. Já no hospital sentiu-se "humilhada" pela polícia.

Segundo contou a própria à estação polaca TVN, uma ambulância e um carro da polícia dirigiram-se a sua casa pouco tempo após a chamada com o médico. Já no hospital, algumas agentes da polícia entraram na sala de exames e obrigaram-na a despir-se.

"A palavra ‘aborto’ desencadeou uma espécie de caça ao homem", afirmou, acrescentando que, apesar de querer ser mãe, decidiu abortar após lhe terem sido que a gravidez era uma ameaça à sua vida.

"Despi-me. Não tirei as cuecas porque ainda estava a sangrar e era demasiado humilhante e degradante para mim", disse, revelando ainda que os agentes fizeram uma busca aos seus pertences enquanto estava a ser observada por um obstetra e lhe levaram o telemóvel e o computador portátil.

Um dos médicos que assistiu Joanna contou à TVN que "foi formado um cordão à volta do doente", o que "dificultou o trabalho". "Nem nos conseguiram explicar porque é que a doente estava a ser detida", contou ainda sob condição de anonimato.

Após a emissão da reportagem, na semana passada, a polícia de Cracóvia afirmou que a intervenção foi feita porque havia suspeitas de que Joanna tinha sido ajudada a fazer um aborto, o que é crime na Polónia, e que havia alertas de tentativa de suicídio.

"A conversa com a mulher mostrou que ela estava a receber tratamento psiquiátrico há anos, tinha pensamentos suicidas naquele dia e tinha tomado medicação para induzir um aborto espontâneo algum tempo antes", disse a polícia. "Ela revelou que encomendou o medicamento pela internet, mas recusou revelar os detalhes da compra."

Sublinhe-se que a Polónia, um país predominantemente católico, proíbe o aborto em quase todos os casos, com exceção de quando a vida ou a saúde da mulher está em perigo ou quando a gravidez resulta de violação ou incesto.

Na prática, as mulheres polacas que desejam interromper a gravidez pedem pílulas abortivas ou viajam para a Alemanha, República Checa e outros países onde é permitido, sendo legal a autoadministração de pílulas abortivas, mas ajudar outra pessoa a abortar já não.

O caso originou uma onda de protestos na Polónia e, na terça-feira, milhares de pessoas - maioritariamente mulheres - manifestaram-se em frente a esquadras da polícia em Cracóvia, Varsóvia e outras cidades. 

O objetivo dos protestos - cujo imagens pode ver na galeria acima - era mostrar a solidariedade para com Johanna e condenar as práticas de humilhação da polícia, revela a agência de notícias The Associated Press (AP).

O ministro da Justiça polaco, Zbigniew Ziobro, já ordenou uma investigação ao incidente. 

Leia Também: EUA. Aborto após seis semanas proibido por republicanos no estado do Iowa

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com

Recomendados para si

Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

IMPLICA EM ACEITAÇÃO DOS TERMOS & CONDIÇÕES E POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Mais lidas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10