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Frente Polisário desvaloriza Israel sobre soberania no Saara Ocidental

A Frente Polisário afirmou hoje que o reconhecimento por Israel da soberania de Marrocos sobre o território do Saara Ocidental "não tem valor legal nem político" e sublinhou que "apenas fortalecerá a determinação do povo sarauí" pela libertação.

Frente Polisário desvaloriza Israel sobre soberania no Saara Ocidental
Notícias ao Minuto

17:12 - 19/07/23 por Lusa

Mundo Frente Polisário

"Semelhante decisão não se considera uma vantagem para o Estado ocupante de Marrocos, mas antes representa uma clara condenação face a uma aliança de dois estados discordantes, que ocupam militarmente o Saara Ocidental e os territórios palestinianos, respetivamente, submetendo os seus povos às mesmas práticas de opressão e confiscação dos seus direitos internacionalmente reconhecidos à autodeterminação e independência", assegurou o ministério da Informação da República Árabe Sarauí Democrática (RASD), que assinala ainda a determinação do povo sarauí em "prosseguir a luta de libertação em todas as frentes".

A decisão do Governo israelita é definida como "uma burla e um desprezo pelos sentimentos de milhões de pessoas e da comunidade internacional", advertindo sobre as possíveis "graves repercussões" da aliança entre Israel e Marrocos, indica o comunicado divulgado pela agência noticiosa sarauí SPS.

Nesse sentido, a Frente Polisário assinala uma "tentativa de aproveitar a guerra no Saara Ocidental para concretizar agendas militares e de segurança subversivas conjuntas que ameaçam a segurança e a estabilidade nas regiões do Norte de África e no Sahel".

Na passada segunda-feira Israel reconheceu formalmente a soberania de Marrocos sobre o Saara Ocidental através de uma carta enviada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ao rei Mohammed VI, segundo anunciou a Casa real alauita.

À semelhança do que sucedeu com a revisão da posição do Governo de Espanha sobre o Saara, foi Rabat quem anunciou a nova posição oficial de Israel face ao território ocupado e anexado por Marrocos desde 1975.

Em março de 2022, foi a Casa Real alauita que informou sobre uma carta enviada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, na qual considerava o designado plano de autonomia marroquino para o Saara como "a base mais sólida, realista e credível" para uma solução do conflito.

A posição de Israel coincide com a adotada em dezembro de 2020 pelo então Presidente dos EUA, Donald Trump, que também reconheceu a soberania de Rabat sobre a antiga colónia espanhola, e que constituiu a moeda de troca para a normalização das relações de Marrocos com Israel.

Na carta, Netanyahu informou Mohammed VI que a nova posição israelita "será refletida em todos os atos e documentos" do Governo e que a decisão será transmitida "às Nações Unidas, organizações regionais e internacionais das quais Israel é membro, assim como todos os países com quem mantém relações diplomáticas".

O primeiro-ministro israelita também referiu ao monarca marroquino que avalia de forma positiva "a abertura de um consulado na cidade de Dakhla".

A administração Trump também anunciou a abertura de um consulado nesta localidade do Saara ocidental.

Esta medida que ainda não foi concretizada após a chegada de Joe Biden à Casa Branca, apesar de não ter existido qualquer alteração de Washington face ao reconhecimento da soberania marroquina sobre o território anexado.

A antiga colónia espanhola foi ocupada foi ocupada apesar da resistência da Frente Polisário, que manteve uma resistência armada até 1991, quando as duas partes assinaram um cessar-fogo que previa a realização de um referendo de autodeterminação. As divergências sobre o censo populacional e a inclusão, ou não, dos colonos marroquinos impediram a sua convocatória até ao momento.

Em 14 de novembro de 2020, a Frente Polisário declarou sem efeito o cessar-fogo com Marrocos em resposta a uma ação milita marroquina contra ativistas sarauís em Guerguerat, uma zona desmilitarizada junto à fronteira com a Mauritânia, que para os sarauís significou uma violação das condições do acordo de 1991.

Leia Também: Israel e Marrocos. EUA consideram "positiva" normalização das relações

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