A decisão foi divulgada depois de Maria Corina Machado formalizar a sua candidatura às primárias da oposição, previstas para 22 de outubro de 2023, durante as quais será eleito o candidato opositor que competirá contra Nicolás Maduro nas presidenciais de 2024.
Num documento divulgado hoje em Caracas, a CGR explica que foi feita uma auditoria patrimonial encontrando-se que ao abrigo da Lei Contra a Corrupção, teria incorrido em "atos, factos, omissões e irregularidades" que "atentam contra a ética pública, a moral administrativa, o estado de direito, a paz e a soberania" da Venezuela.
Também que houve omissão nas declarações de 50% dos fundos que administrou em vários bancos nacionais em bolívares e em moeda estrangeira.
"Adicionalmente, participou em um esquema de corrupção orquestrada pelo usurpador Juan Guaidó (líder opositor e ex-presidente do parlamento), que propiciou o bloqueio criminoso à Venezuela, assim como o despojo descarado das empresas e riquezas do povo venezuelano no estrangeiro, com a cumplicidade de governos corruptos", explica.
Maria Corina Machado já reagiu ao anúncio e atribuiu a decisão a que "o regime sabe que já está derrotado".
"Agora votaremos com mais força, mais rebeldia e mais vontade nas primárias. Aqui, quem 'habilita' é o povo da Venezuela. Até ao final é até ao final", escreveu na sua conta do Twitter.
O líder opositor Juan Guaidó, condenou a decisão e acusou o Presidente da Venezuela, Nicolás "Maduro segue o caminho da Nicarágua".
"É assim que o ditador pretende continuar agarrado ao poder, perseguindo e desqualificando a alternativa democrática. Repudiamos a medida da ditadura contra Maria Corina Machado. O mundo não pode olhar para o outro lado, é necessário avançar com determinação para que a Venezuela recupere a sua democracia", escreveu na mesma rede social.
Segundo a candidata opositora Delsa Solórzano, de "Encuentro Ciudadano" a decisão "incumpre uma sentença da Corte Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH)".
"Uma vez mais a ditadura venezuelana, violando a Constituição, as leis e inclusive sentenças da CIDH, anuncia uma alegada 'inabilitação' contra Maria Corina", escreveu no Twitter.
O também candidato Carlos Prosperi, diz que "este tipo de atitudes atentam contra a democracia e vão contra os venezuelanos" e o líder político Roberto Enríquez se referiu à decisão como um "absurdo jurídico".
O político César Pérez Vivas acusou o Governo venezuelano de "seguir os passos do regime de Daniel Ortega na Nicarágua" nas presidenciais de 2021.
As eleições primárias da oposição venezuelana, em que a 22 de outubro será escolhido o candidato que disputará as presidenciais de 2024 contra Nicolás Maduro, contam com 14 candidatos inscritos.
O lote de inscritos inclui Andrés Caleca, Andrés Velázquez, Carlos Prosperi, César Pérez Vivas, César Almeida, Delsa Solórzano, Freddy Superlano, Glória Pinho (luso-descendente, independente), Enrique Capriles Radonski, José Hernández, Luis Farías, María Corina Machado, Roberto Enriquez e Tamara Adrián.
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