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"Futuro a longo prazo da Ucrânia tem de ser na UE e na NATO"

O historiador britânico Timothy Garton Ash defendeu que União Europeia (UE) e NATO devem aproveitar a crise criada pela Rússia para se fortalecer, mas antecipou que a Aliança Atlântica deverá adiar compromissos com a Ucrânia para 2024.

"Futuro a longo prazo da Ucrânia tem de ser na UE e na NATO"
Notícias ao Minuto

14:43 - 27/06/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

"Estou absolutamente convicto de que o futuro a longo prazo da Ucrânia tem de ser na UE e na NATO. Estou igualmente ciente de que esse compromisso não será assumido em Vílnius", disse em entrevista à agência Lusa.

Garton Ash, que apresenta hoje em Lisboa o seu livro "Pátrias -- Uma história pessoal da Europa" (Temas e Debates, junho de 2023), referia-se à cimeira da NATO em 11 e 12 de julho, na capital lituana.

Em Vílnius, haverá formas de expressar a determinação na adesão ucraniana, mas o interesse imediato "são os compromissos militares que alguns dos principais países da NATO, incluindo os Estados Unidos, assumem para com a Ucrânia", disse.

Garton Ash considerou que a NATO só deverá dar passos mais concretos para a adesão da Ucrânia na cimeira de Washington, em 2024, mas tudo dependerá do curso da guerra com a Rússia.

A cimeira de Washington assinalará o 75.º aniversário da Organização do Tratado do Atlântico Norte, de que Portugal foi um dos Estados fundadores em 1949.

O professor de Estudos Europeus na Universidade de Oxford, Inglaterra, lembrou que, entre 1990 e 2007, a UE a NATO fizeram um grande alargamento a Leste, que esteve praticamente parado desde 2008.

Para Garton Ash, a crise criada pela invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, deve ser encarada também como uma oportunidade de fortalecimento da Europa e da Aliança Atlântica.

Referiu-se a um "novo compromisso estratégico" com o alargamento da UE a Leste e potencialmente da NATO à Ucrânia, Geórgia e Moldova.

"Quanto maior a crise, maior a oportunidade", afirmou.

Lembrou que a Europa disse várias vezes "nunca mais" à guerra, como aconteceu em 1945 ou, numa escala mais pequena, na antiga Jugoslávia na década de 1990, mas considerou que o Ocidente falhou na questão da Ucrânia.

Defendeu que deveria ter havido "uma reação muito mais forte" à tomada da Crimeia e ao início da guerra no Donbass, em 2014, com sanções mais duras a Moscovo, redução da dependência energética, perseguição do "dinheiro sujo russo" e apoio militar à Ucrânia.

"Um dos maiores fracassos da política ocidental nos últimos 35 anos é a incapacidade de responder a 2014", comentou, referindo que os ucranianos estão sempre a lembrar que a guerra já dura há mais de nove anos.

Garton Ash disse ainda sentir uma grande admiração "pela coragem, determinação e capacidade de improvisação" do povo ucraniano, e considerou que o grande impulso da contraofensiva de Kyiv ainda não aconteceu.

"Nas próximas semanas ou no máximo nos próximos meses, veremos o grande impulso [na contraofensiva], que ainda não vimos. Ninguém sabe como é que isso vai correr e muito depende disso", afirmou.

O historiador, que tenciona visitar Kyiv na próxima semana, disse que as forças russas se prepararam para a contraofensiva ucraniana, nomeadamente para evitar que a Crimeia fique "à distância de tiro".

"Os russos estão extremamente bem entrincheirados", disse, embora admitindo que falta perceber o possível efeito da rebelião do Grupo Wagner no moral dos soldados de Moscovo.

Leia Também: Declínio do império russo "está longe de ter terminado", diz historiador

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