O maior especialista no Titanic Paul-Henri Nargeolet poderá ser a ‘salvação’ dos tripulantes a abordo do submarino Titan, desaparecido no Oceano Atlântico desde domingo. Isto porque o comandante francês, que é um dos cinco passageiros, passou duas décadas na marinha daquele país enquanto mergulhador e piloto de submersíveis, além de conhecer os destroços do navio naufragado em 1912 como ninguém.
Antes da viagem fatídica, o homem de 77 anos já tinha ‘visitado’ os destroços do Titanic por 37 vezes. Na verdade, segundo o capitão português José Paulo Vieira da Silva, Nargeolet é “muito experiente” e, quando realiza missões em profundidade, “não tem problemas”.
“Acredito que será uma das soluções para esta situação”, apontou, em declarações à Sky News, equacionando que poderá “trabalhar com os outros passageiros para que possam ter boas expectativas de vir à superfície”.
“Acreditarei nisso até ao último momento. Seria uma pena se perdêssemos esse homem”, complementou.
Vieira da Silva foi o capitão da embarcação que transportou Nargeolet e sua equipa até ao local dos destroços do Titanic em 2010, recordando que, na altura, o submarino em que seguiam ficou preso no naufrágio.
“A equipa era muito experiente, mas o submersível ficou preso. Tivemos de fazer muitas manobras para o trazer à superfície. Ficou preso no naufrágio – foi a pior parte e toda a gente teve medo de os perder”, disse.
E sublinhou: “É uma pessoa muito calma e acho que conseguirá manter os outros tranquilos, porque é importante salvar oxigénio e não fazer esforços. Acho que vai ser o líder.”
O submersível transportava o empresário e explorador Hamish Harding, o empresário paquistanês Shahzada Dawood e o filho, Suleman Dawood, além do CEO da OceanGate, Stockton Rush, bem como o especialista no Titanic Paul-Henri Nargeolet.
De notar que, segundo a Guarda Costeira dos EUA, as reservas de oxigénio do submersível deverão terminar às 12h08 desta quinta-feira, pelo que a operação de buscas é uma ‘luta contra o tempo’.
Na quarta-feira, um avião canadiano detetou sons subaquáticos durante as operações de busca do submersível, o que fez com que esforços de busca fossem reorientados.
Além de um conjunto internacional de navios e aviões, um robô subaquático começou a fazer buscas nas imediações do Titanic e há um esforço para enviar equipamento de salvamento para o local, no caso de o submarino ser encontrado.
Três aviões de transporte C-17 das forças armadas norte-americanas foram utilizados para transportar submersíveis comerciais e equipamento de apoio. As forças armadas canadianas disponibilizaram um avião de patrulha e dois navios, tendo ainda lançado boias de sonar para detetar quaisquer sons do Titan.
Os restos do Titanic - que afundou após colidir com um iceberg, em 1912 - estão a uma profundidade de cerca de 3.800 metros e a uma distância de aproximadamente 640 quilómetros a sul da ilha canadiana de Terra Nova.
A comunicação perdeu-se quando a embarcação estava a cerca de 700 quilómetros a sul de São João da Terra Nova, segundo o Centro de Coordenação de Salvamento Conjunto do Canadá.
O submersível tinha uma reserva de oxigénio de 96 horas quando se fez ao mar pelas 6h00 de domingo (hora local), de acordo com David Concannon, um conselheiro da OceanGate, o que transforma a operação num contrarrelógio.
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