Parlamento falha pela 12.ª vez eleição de um chefe de Estado no Líbano
O parlamento libanês falhou esta quarta-feira, pela 12.ª vez, a eleição de um Presidente, com o braço de ferro entre o poderoso Hezbollah pró-iraniano e os seus opositores a aumentar o risco de um vazio de poder prolongado.
© ANWAR AMRO/AFP via Getty Images
Mundo Líbano
Em pleno colapso económico, o Líbano está há mais de sete meses sem Presidente e é liderado por um governo demissionário com poderes reduzidos.
O parlamento tem 128 deputados e nenhum dos campos políticos tem uma maioria clara.
Esta quarta-feira, nem um ex-ministro apoiado pelo movimento xiita Hezbollah, nem um economista apoiado pelos opositores, obtiveram o número de votos necessário (86) para ser eleito à primeira volta.
Jihad Azour, funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), obteve 59 votos contra 51 votos do seu concorrente, o ex-ministro Suleiman Frangié.
Não foi realizada uma segunda volta porque os deputados do Hezbollah e os seus aliados, que apoiam Frangié, deixaram o hemiciclo para impedir que o quórum fosse alcançado para a sua realização.
Deputados do Hezbollah e aliados já tinham recorrido à mesma tática em sessões anteriores, sendo que este partido domina a vida política e tem um poderoso braço armado.
No final da sessão, o líder do parlamento, Nabih Berri, aliado do Hezbollah, apelou aos deputados para pararem de trocar acusações sobre o aumento do "vazio de poder".
Berri realçou que é necessário "acelerar a eleição de um presidente, o que só pode ser feito com entendimento e diálogo", mas não marcou uma data para a nova sessão.
Azour, que suspendeu a sua atividade junto do FMI para liderar a sua campanha, referiu na segunda-feira que pretende "contribuir para uma solução e não ser um fator de crise".
Ex-ministro das Finanças (2005-2008), garantiu que a sua candidatura não constituiu "um desafio para ninguém", em resposta ao Hezbollah que o descreveu como um candidato "confrontador" e "desafiador".
Um primeiro candidato apoiado pelos opositores do Hezbollah, o deputado Michel Moawad, também já tinha sido criticado pela formação xiita, antes de retirar a sua candidatura na semana passada a favor de Azour.
Frangié, cujo avô foi Presidente do Líbano, prometeu, por sua vez, que será "o Presidente de todos os libaneses", apesar da sua aliança com o Hezbollah e da amizade que o une ao Presidente sírio, Bashar al-Assad.
Perante este bloqueio e "na ausência de pressão internacional significativa", o mais provável é que o país entre num "período prolongado de vazio" que pode durar vários meses, alertou o analista Karim Bitar.
Para este analista, o impasse pode levar a "negociações que resultarão numa solução em torno de um terceiro nome, e uma eleição decidida antecipadamente, como a maioria das outras eleições na história do Líbano".
Durante a última eleição presidencial, o fação do Hezbollah paralisou a ação do parlamento durante mais de dois anos, para impor a eleição de Michel Aoun, seu aliado, em 2016.
No passado, os deputados muitas vezes aguardaram por diretrizes de vários 'patrocinadores' estrangeiros antes de votar.
Antigo líder mandatado deste país, a França deve enviar a Beirute o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Jean-Yves Le Drian, nomeado "enviado pessoal para o Líbano" do Presidente Emmanuel Macron.
Paris pediu esta terça-feira às autoridades libanesas para "levarem a sério" a sessão parlamentar e "torná-la numa oportunidade para sair da crise".
Washington também instou o parlamento libanês a "terminar o trabalho" e eleger um novo Presidente.
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