Sudão. Exército afirma que suspensão de conversações "não ajuda" a paz
O exército sudanês afirmou hoje que a Arábia Saudita e os Estados Unidos suspenderem as conversações de paz em que atuam como mediadores, considerando que a decisão "não ajuda" a alcançar uma solução para o conflito.
© Reuters
Mundo Sudão
Em comunicado, o exército sudanês afirma ter apresentado na quinta-feira, de forma oficiosa, uma proposta aos mediadores para garantir a aplicação do cessar-fogo e "estabelecer uma base para novas negociações", mas que foi ignorada pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos.
"Os mediadores surpreenderam-nos com a sua declaração de suspensão das conversações sem responderem à nossa proposta, que foi completamente ignorada e não reconhecida na sua declaração", lamentaram as Forças Armadas.
E acrescentaram: "A falta de resposta e de reconhecimento não ajudará a encontrar uma solução justa que satisfaça os anseios de segurança e de paz dos nossos cidadãos".
Os mediadores anunciaram na quinta-feira a suspensão das conversações, que estão a decorrer na cidade saudita de Jeddah entre representantes do exército e do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês), afirmando que as partes não tinham respeitado as tréguas e os acordos alcançados para aliviar o sofrimento dos civis.
No entanto, o exército já tinha anunciado um dia antes a sua retirada do diálogo, acusando as RSF de não respeitarem a trégua em vigor, que expira este sábado.
Apesar disso, as Forças Armadas mantiveram-se esperançadas e instaram os mediadores "a prosseguirem os seus esforços para persuadir" os paramilitares a cumprirem o que tinham acordado para retomar as conversações.
A interrupção das conversações, que em princípio é temporária, não significa a suspensão da trégua, embora esta não tenha sido respeitada em nenhum momento desde a sua entrada em vigor, mas tornará mais difícil um novo prolongamento da cessação das hostilidades.
O conflito no Sudão, que eclodiu a 15 de abril, fez pelo menos 850 mortos e mais de 5.500 feridos, e provocou a deslocação interna e externa de mais de 1,3 milhões de pessoas, segundo as Nações Unidas.
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