ONU receia situação de 150 mil refugiados de outros países em Cartum
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse hoje temer pela situação dos 150 mil refugiados de outros países que continuam em Cartum, capital sudanesa.
© AFP via Getty Images
Mundo Sudão
Atualmente, estes já são menos de metade do número que a capital sudanesa abrigava antes do início do conflito entre o exército sudanês e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
"A situação atual está a dificultar significativamente a nossa capacidade de levar a cabo atividades humanitárias na cidade, além da monitorização mínima da proteção por telefone", afirmou a representante adjunta do ACNUR no Sudão, Fátima Mohammed Cole, num comunicado.
Mohammed Cole referiu que todas as tentativas de chegar a Cartum para ajudar os refugiados "falharam" e informou que os dois escritórios da agência das Nações Unidas na capital sudanesa foram saqueados.
O Sudão acolheu cerca de um milhão de refugiados de outros países - a segunda maior população de refugiados em África - principalmente do Sudão do Sul, da Eritreia, da Síria, da Etiópia, da República Centro-Africana, do Chade e do Iémen.
Cerca de 150.000 outros refugiados puderam abandonar a cidade, epicentro dos combates desde 15 de abril, e instalaram-se nas regiões sudanesas do Nilo Branco, Gedaref, Kassala, Jazira e Porto Sudão, segundo a Comissão Sudanesa para os Refugiados.
O ACNUR manifestou a sua preocupação com a situação destas pessoas que, de acordo com os mais recentes relatórios, estão a ser vítimas de roubos, ameaças e violência física e sexual.
"Reiteramos o nosso apelo para garantir a proteção de todos os civis no Sudão, incluindo os refugiados e os requerentes de asilo", declarou.
A agência continua a trabalhar com redes locais em várias regiões do país, principalmente a partir de Porto Sudão, onde está a emitir documentação para os requerentes de asilo e a distribuir bens de primeira necessidade.
Além disso, o ACNUR está a trabalhar nas fronteiras do Sudão e a verificar se os governos dos países vizinhos permitem o acesso às pessoas que fogem do país.
Outra região de particular preocupação para o organismo é Darfur, no oeste do país, onde as condições dos refugiados e das pessoas deslocadas internamente são "terríveis" e a capacidade de assistência do ACNUR está a ser "severamente dificultada".
Até 31 de maio, o ACNUR registou a fuga de 378.315 pessoas do Sudão devido ao conflito, que já provocou mais de 1,2 milhões de deslocações internas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).
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