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Espanha. Pontos-chave sobre as eleições municipais e regionais de domingo

Espanha tem eleições municipais e regionais no domingo depois de duas semanas de campanha em que, segundo as sondagens, a direita ganhou terreno e há poucos pontos de diferença entre os socialistas do PSOE e os conservadores do PP.

Espanha. Pontos-chave sobre as eleições municipais e regionais de domingo
Notícias ao Minuto

09:28 - 26/05/23 por Lusa

Mundo Espanha

Sondagens e analistas preveem batalhas renhidas entre esquerda e direita em grandes cidades e várias regiões autónomas no próximo domingo e quando faltam pouco mais de seis meses para as eleições legislativas nacionais.

Além da disputa entre o Partido Socialista (PSOE) e o Partido Popular (PP), nas eleições deste 28 de maio está também em causa verificar a dimensão do esperado avanço da extrema-direita do VOX na generalidade do país, depois de em 2022 o partido ter conseguido, em simultâneo, a sua maior vitória e o primeiro fiasco eleitoral desde 2015.

A vitória foi em Castela e Leão, onde o VOX conseguiu entrar pela primeira vez num governo em Espanha, coligado com o PP. O fiasco deu-se poucos meses depois, em junho, na Andaluzia, onde o PP conquistou uma maioria absoluta que deixou o VOX sem influência no poder.

À esquerda dos socialistas, as eleições de domingo estão a ser vistas como um laboratório de novos protagonistas, como a ministra do Trabalho e dirigente comunista Yolanda Díaz, num momento de divisão da plataforma Unidas Podemos, que está na coligação do Governo de Espanha, liderado pelo PSOE.

Estes são alguns dos pontos essenciais relacionados com as eleições de domingo em Espanha e a campanha que termina hoje:

8.200 eleições num dia

Em 28 de maio, haverá, em simultâneo, eleições legislativas em 12 das 17 regiões autónomas espanholas, em 8.134 municípios, nas três deputações forais do País Vasco, nos concelhos insulares das Baleares, nos 'cabildos' das ilhas Canárias e nas cidades autónomas de Ceuta e Melilla.

Não vão a votos, por terem tido eleições antecipadas ou estarem com um calendário próprio, as regiões da Andaluzia, Castela e Leão, Catalunha, Galiza e País Basco.

Nas 12 comunidades autónomas em que há eleições este ano, o PSOE lidera os governos regionais de nove (Aragão, Astúrias, Baleares, Canárias, Castela La Mancha, Comunidade Valenciana, Extremadura, Navarra e Rioja); o PP de duas (Madrid e Múrcia) e o Partido Regionalista da Cantábria de uma (Cantábria).

Estão chamados a votar 35.539.083 eleitores em todo o país.

Sondagens

O PSOE, à frente do Governo nacional desde 2018 e liderado pelo também primeiro-ministro Pedro Sánchez, deverá continuar a ser o partido globalmente mais votado nas municipais, mas apenas com mais 2,3 pontos percentuais do que o PP (30,2 e 27,9 por cento, respetivamente), segundo um estudo do organismo público Centro de Investigações Sociológicas (CIS) publicado na segunda-feira passada, último dia em que a lei eleitoral espanhola permitiu a divulgação de sondagens antes das eleições.

Na sondagem anterior, de 11 de maio, véspera do arranque da campanha, o CIS previa 32% para o PSOE e 27,3% para o PP, partido cujo presidente, Alberto Núñez Feijóo, foi eleito há cerca de um ano e enfrenta o seu primeiro grande teste eleitoral no próximo domingo.

Outras sondagens publicadas por meios de comunicação social no início desta semana coincidem na vitória do PP em Madrid, tanto na cidade como na região autónoma, neste último caso, com a possibilidade de maioria absoluta, e preveem lutas renhidas em várias outras comunidades e grandes cidades.

A campanha do PSOE e do PP, assim como as atenções mediáticas, têm estado focadas na Comunidade Valenciana, a quarta maior região espanhola em população e atualmente a principal autonomia liderada pelos socialistas, através de uma coligação com partidos de esquerda, de extrema-esquerda e de âmbito regional.

Segundo sondagens publicadas pelos jornais El Pais e El Mundo, o PP será o partido mais votado na Comunidade Valenciana, mas com a possibilidade de ser reeditado o governo atual de esquerda liderado pelos socialistas, embora "no limite", numa eleição que se decidirá "por um punhado de votos".

É também na Comunidade Valenciana que o Podemos tem um dos seus grandes desafios: conseguir eleger deputados regionais que sejam determinantes para a manutenção da região nas mãos da esquerda.

Nas grandes cidades para além de Madrid, as mesmas sondagens preveem disputas apertadas em Barcelona, Valência e Sevilha, todas atualmente nas mãos de partidos de esquerda.

No caso de Barcelona, a disputa é entre partidos de esquerda, enquanto em Valência e Sevilha a luta é entre esquerda e direita.

Todos os estudos confirmam o avanço do VOX na generalidade do território e o desaparecimento quase total do Cidadãos (direita), beneficiando, sobretudo, o PP.

O PP ganhou as duas eleições regionais antecipadas para 2022 (Andaluzia e Castela e Leão), criando uma expectativa de crescimento do partido pela primeira vez desde 2018, ano em que os socialistas chegaram ao Governo nacional.

A expectativa para domingo é saber quanto consegue avançar o PP e em que medida dependerá de alianças com o VOX para tirar governos e autarquias à esquerda, numas eleições que Feijóo tem tentado transformar num referendo da governação de Sánchez.

ETA na campanha

Um dos protagonistas da campanha eleitoral foi o grupo terrorista ETA (Euskadi Ta Askatasuna, que defendia a independência do País Basco), que deixou de fazer atentados há 12 anos e anunciou a dissolução há cinco.

A ETA entrou na campanha porque um partido do País Basco, o EH Bildu, apresentou listas para eleições municipais com 44 antigos membros do grupo terrorista.

Não é a primeira vez que o EH Bildu integra ex-etarras em listas eleitorais - já o faz desde 2015. A maior polémica deste ano parece resultar de uma vigilância mais ativa e do papel mais central assumido hoje pelas vítimas do terrorismo, mas também porque o EH Bildu é um dos aliados parlamentares do Governo de Pedro Sánchez.

Pela mão dos partidos da direita, a ETA e as ligações entre o EH Bildu e o PSOE dominaram debates e comícios e estiveram no centro de plenários do parlamento espanhol, apesar das tentativas dos socialistas de colocarem no centro da campanha os bons resultados da economia e os apoios sociais desbloqueados para responder à pandemia e ao impacto da guerra na Ucrânia.

Suspeitas de fraude

A reta final da campanha ficou marcada por suspeitas de fraude eleitoral com os votos por correspondência, com dois focos principais, a cidade de Melilla (um enclave no norte de África) e Mojácar, um município no sul do país com cerca de 7.200 habitantes.

Esta semana, foram detidas seis pessoas em Melilla e sete em Mojácar, por suspeita de tentativa de compra de milhares de votos por valores entre 50 e 250 euros a eleitores de comunidades desfavorecidas, num esquema que se concretizaria através de pedidos para votar por correio.

Estes dois casos ganharam projeção nacional e envolvem, em Melilla, o partido Coligação por Melilla, que atualmente está no governo da cidade com o PSOE. No caso de Mojácar, a suspeita é direta sobre o PSOE e entre os detidos há dois candidatos do partido nas municipais de domingo.

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