"Não agonizem, organizem-se". Democratas da Califórnia lançam estratégia
O Partido Democrata da Califórnia dá hoje em Los Angeles o 'pontapé de saída' na sua estratégia para as eleições de 2024, num Estado chave para manter o controlo da Casa Branca e recuperar a liderança na Câmara dos Representantes.

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O mote da convenção - a primeira em formato presencial em três anos - é "Não agonizem, organizem-se", um dos aforismos preferidos da anterior líder da maioria Democrata, Nancy Pelosi, representante do 11º distrito da Califórnia que será homenageada durante o evento de lançamento das estratégias eleitorais para o próximo ano.
"A mensagem para 2024 é simples: manter a Casa Branca e recuperar a Câmara dos Representantes", disse o presidente do partido no Estado, Rusty Hicks, numa conferência de imprensa de antevisão da convenção. "Não será possível recuperar a Câmara se não ganharmos assentos aqui na Califórnia".
O Estado mais populoso do país elegeu no último ato eleitoral 40 Democratas e 12 Republicanos para o Congresso. Foi uma perda de dois assentos para os democratas e um ganho para os Republicanos, que tomaram a maioria da câmara baixa do Congresso.
"Vamos fazer a nossa parte para manter a Casa Branca, fortalecer a nossa maioria e ganhar mais assentos no Estado", resumiu Rusty Hicks, referindo que está em curso uma grande operação de organização no terreno.
A convenção do Partido Democrata da Califórnia, que decorre até 28 de maio, acontece na mesma semana em que o governador da Florida, Ron DeSantis, anunciou a sua candidatura à nomeação Republicana para as presidenciais.
DeSantis identificou como seu propósito a guerra à "ideologia woke", que é muitas vezes associada à Califórnia, um dos estados com políticas mais progressistas da nação.
Em março, DeSantis visitou a Califórnia e criticou o governo do Estado, clamando que os procuradores "mimam" os criminosos. Também defendeu as suas medidas educativas na Florida, onde os professores não podem discutir orientação sexual ou identidade de género e todas as iniciativas de diversidade e inclusão vão ser eliminadas por via legislativa.
Hicks admitiu que a discussão será dominada pelo que se passar a nível nacional, com os Democratas a tentarem defender o controlo da Casa Branca e múltiplos candidatos Republicanos -- com Donald Trump e Ron DeSantis à cabeça -- a quererem derrotá-los.
O presidente do partido na Califórnia criticou ainda a ameaça da maioria Republicana na Câmara dos Representantes, liderada pelo californiano Kevin McCarthy, de não permitir o levantamento do teto da dívida pública para pagar as contas, deixando o país em risco de incumprimento. O cenário de crise existe porque os Democratas perderam a câmara baixa em 2022.
"Hoje, os congressistas Republicanos estão a fazer refém a boa-fé e crédito do governo dos Estados Unidos para conseguirem cortes nos subsídios aos veteranos do exército e oferecerem mais baixas de impostos aos ricos e bem conectados", afirmou Hicks. ?
À Lusa, Rusty Hicks disse "não ter dúvidas" de que Nancy Pelosi vai tentar ajudar na conquista de mais assentos na Califórnia e que os democratas estão empenhados em aumentar a sua vantagem no estado, incluindo a conquista do assento ocupado agora pelo lusodescendente republicano David Valadão.
Hicks também abordou a persistência da ideia de que o 'pêndulo' dos democratas da Califórnia virou demasiado à esquerda e este é o 'ground zero' das políticas 'woke'.
"A realidade é que não se encontra nenhuma parte deste país que não seja, de certa forma, semelhante à Califórnia", disse. "A Califórnia é um estado tão diverso quanto possível", frisou.
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