Phillips era jornalista colaborador do The Guardian, escrevia sobre ameaças aos povos indígenas no Vale do Javari, uma das regiões com o maior número de grupos étnicos não contatados do mundo localizada na amazónia brasileira, onde a pesca e a caça furtiva coexistem com o tráfico de droga e a pirataria.
Segundo o portal de notícias G1, o indiciamento de Xavier e de Alcir Amaral Teixeira, um ex-chefe da coordenação-geral de Monitoramento Territorial da Funai, foram indiciados pelo crime de omissão.
A decisão da polícia teve como base numa ata de uma reunião realizada logo após a morte de um outro funcionário do órgão de proteção indígena chamado Maxciel dos Santos, que trabalhava na mesma região em que Pereira e Phillips foram mortos.
Maxciel era funcionário da Funai e foi morto com dois tiros na cabeça em 2019. Ele e Bruno Pereira eram parceiros no combate a delitos praticados no Vale do Javari, outros funcionários que atuavam naquela área denunciaram ameaças, mas apesar das condições e responsabilidades inerentes aos seus cargos Xavier e Teixeira não tomaram nenhuma medida à época.
Segundo a polícia federal brasileira, os funcionários da Funai agiram com dolo eventual, tipo penal aplicado quando alguém não tem a intenção de cometer um crime ou atingir um resultado específico, mas mesmo assim assume o risco de produzi-lo.
Em janeiro, a Polícia Federal do Brasil apontou Rubens Villar Coelho, conhecido como "Colômbia", como o cérebro por detrás dos assassinatos de Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira.
O jornalista britânico do The Guardian, Dom Phillips, 57 anos, e o ativista indígena brasileiro Bruno Pereira, 41 anos, foram mortos em 05 de junho a bordo da embarcação em que seguiam no rio Itaquai, junto ao território indígena do Vale do Javari, na fronteira com o Peru e a Colômbia.
O duplo homicídio brutal chocou o país e foi amplamente condenado por organizações internacionais, associações ambientais e de direitos humanos.
O caso expôs as ameaças que espreitam na Amazónia, especialmente no Vale do Javari, uma das regiões com o maior número de grupos de indígenas isolados do mundo e onde a pesca e a caça furtiva convivem com as redes de narcotráfico.
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