Figura emblemática da luta pela liberdade de imprensa, o também fundador do Apple Daily, jornal crítico do Governo chinês encerrado em 2021, enfrenta uma pena de "prisão perpétua", indicaram os RSF, que lançou o apelo num comunicado divulgado em Paris.
O apelo foi assinado por editores e editoras de 42 países, incluindo o Prémio Nobel da Paz russo Dmitri Muratov e a filipina Maria Ressa.
Crítico declarado de Pequim, Jimmy Lai deverá ir a julgamento em setembro sob a acusação de "conluio com forças estrangeiras", uma violação da, segundo a ag^wncia noticiosa France-Presse (AFP), "lei draconiana" de segurança nacional imposta por Pequim após os protestos pró-democracia de 2019, que prevê pena de prisão perpétua.
Lai já está a cumprir várias penas de prisão pela participação nos protestos e por alegações de fraude. Segundo os RSF, os pedidos de fiança foram "sempre regularmente rejeitados".
"[Ao persegui-lo], o regime chinês estendeu as suas tentativas de controlo da informação para além das suas fronteiras e fez dele uma preocupação para todo o mundo", afirmam os signatários do apelo, que incluem o diretor do New York Times, A.G. Sulzberger, e o do Le Monde, Jérôme Fenoglio.
As ações judiciais "fazem parte de uma repressão mais vasta", acrescentaram os Repórteres Sem Fronteiras, que manifestaram "profunda preocupação com a rápida deterioração do clima de liberdade de imprensa em Hong Kong".
Os signatários apelam também à "libertação imediata dos 13 jornalistas atualmente detidos", à "retirada das acusações" contra "os 28 jornalistas visados pela Lei de Segurança Nacional, em particular nos últimos três anos", e à "ação imediata" para reabrir meios de comunicação social como o Apple Daily e o site Stand News, que foram vítimas de um congelamento de bens e de uma onda de detenções em 2021.
"Hong Kong é agora uma cidade enterrada sob um manto de medo", disse o filho de Jimmy Lai, Sebastian, no comunicado.
Hong Kong está classificado em 140.º lugar entre 180 países analisados no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa e elaborado pelos RSF para 2023, tendo caído 122 posições "em apenas 20 anos", de acordo com a ONG.
A China, por seu lado, está classificada pelos RSF na penúltima posição (179.º).
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